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A mostrar mensagens de julho, 2012

Apologia do nada

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O nada pode ser muito bom. A ausência de tudo é a suprema liberdade, a tábua rasa, o primeiro degrau. Para aqueles que vivem assoberbados de tudo, asfixiados pelo excesso, ensurdecidos pelos imensos ruídos que se entrecruzam num cérebro que não consegue parar de processar imagens sucessivas , não haverá maior prazer do que um intervalo, por ínfimo que seja, do tudo. Um momento de puro ser. Ser, só ser, inspirar, expirar, vazio, só, pleno, inteiro, completo e absoluto Ser. Na sociedade apologética do tudo, é preciso saber apreciar o nada. Porque esse nada pode ser muito. Às vezes o nada aporta até um mundo de novos tudos...

Sábado

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Sábado é dia de acordar devagar. De dar tempo ao tempo. De suspiros, abraços, gargalhadas e brincadeiras. Sábado é família, é cinema com pipocas, é praia, é sol, é alegria. Sábado é parte do intervalo na vida de todos os dias. Nas férias, todos os dias são sábados e domingos. O sábado e o domingo são as férias de quem ainda está a trabalhar...

Será que é para valer?

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Vou só dar um jeito ao vidro...

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Chegamos das compras. Carro na garagem, diz-me que vai limpar o vidro da frente. Entra nos arrumos. Esperava-o um limpa vidros e um panito. Sai de lá com balde, detergente, uma escova para esfregar o vidro, e uma escova limpa brisas adaptada para limpezas mais perfeitas. É assim. Um perfeccionista da limpeza automóvel! :)
 Dizzy... parte 1 Agradeço ( peço encarecidamente) sugestões para educar o Dizzy a: fazer as suas necessidades quando vai à rua ( até ver, nem uma pinga que seja! É um exemplo de limpeza outdoors), ou a utilizar os toalhetes que tem em casa, para o efeito... Digamos que com 5 meses ( a passar) cá em casa e 8 meses de idade, já devia ser mais higiénico. Com a agravante de agora fazer como os grandes, e alçar a perna. ( se tiverem o contacto do encantador de cães também serve...) Dizzy... parte 2 Já tenho spray atractivo, spray repelente de dois tipos, só me falta o jornal. Eu nunca fui de agressões, muito menos premeditadas. E comprar um jornal para dar no cão, parece-me caso disso. E depois, que jornal? Um que se coadune com o fim, "prixemplo" o crime? Ou um jornal mais light, mas muito mais directivo, irreversível e inquestionável como o Diário da República? ( na volta este já só on line, impossibilitando o seu uso por motivos técnicos) Enfim, canito, já perce

Combinado?

“Tenho a certeza de que é para sempre. Perguntávamos aos meus avós porque é que eles eram tão felizes, respondiam: ‘Combinámos ser felizes’. A Sofia e eu também temos essa combinação. Acho que nenhum de nós vai falhar”. (Albano Homem de Melo, na revista do Público). Há combinações que podem ser a combinação perfeita. E não estou a falar de peças de vestuário que qualquer dia voltam a estar na moda. Como outras combinações. Tipo esta. Ser feliz? Combinado!

Ser raiz...

Sim, gosto da harmonia dos ramos, o viço das folhas ou a beleza dos frutos. Mas o maior apreço vai para a raiz que habitualmente ninguém vê, não valoriza e passa despercebida. Que sustém, suporta, alimenta, prende ao solo, sem impedir que se cresça em direção à luz. E às vezes a terra não chega, há um ponto em que até as raízes sentem necessidade de aparecer, em busca do seu lugar ao sol. E claro que eu não estou a falar de árvores...

Ui...

Em fase de arrumação da estante, de forma a ganhar espaço para livros novos, deparo-me com uma série de diários de aulas e dossiers do professor antigos. E porque reciclar é preciso, mas há por aqui algumas respostas extraordinárias que fui registando no rodapé das grelhas de correção dos testes, apeteceu-me compilá-las por aqui. Ora cá vai: Um dos hominídeos que podemos estudar é o "Homo Helítico", que tinha uma "caixa ucraniana" pequena. Na Idade Média havia muitas fomes, e as pessoas ficavam mais "veneráveis" e apanhavam doenças. Isto era agravado pelos "pecuários cuidados médicos". Os gregos tinham um grande filósofo: Astroteles. Já a Grécia possuía um "clima montanhoso". Os muçulmanos jejuavam nos " remendões"e seguiam o "proveta Maomé". Já agora, para perceber o passado é preciso fazer um "enquadramento metal". O condado portucalense tem a sua génese com Reino de "Leão e Costeleta". A

Parabéns...

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Não sou dada a superstições, mas há uma coisa que eu não faço: deitar fora as velas dos bolos de aniversários. E nem é na perspetiva da reutilização, nada de exageros... Simplesmente se se formula um desejo antes de soprar, não vou depois eliminá-lo entre guardanapos e restos... Por isso hoje dei comigo a juntar as velas que se foram acumulando, dentro da gaveta, embrulhadas em guardanapos brancos. E pensei que este ano não tive bolo, nem se cantaram os parabéns, nem se formularam desejos ao soprar as velas no meu aniversário. E pensei: ai, ai, isso ainda dá... pouca sorte (que azar dá azar...). Mas eu sei o desejo que formularia nesse dia. E o desejo já se concretizou, por isso...
-Os teus braços têm uns grandes pixeis! -O quê????? -Isso aí. -Ah, os biceps...

(in)decisões

Primeiro foi a entrada na pré. Ou antes, a permanência em mais um ano na pré, ou procurar um parecer especializado que permitisse a sua entrada no primeiro ano do primeiro ciclo. Coisas de quem nasceu em janeiro. Ganhou a primeira hipótese, ficou com dois amiguinhos, os restantes seguiram viagem. Depois, o stress da ida para o 5º ano. Escola grande, confusão, medos de quem conhece os perigos. Valeu o suporte de uma boa sala de estudo que acabou por me poupar ao stress das horas de entrar e de sair, do "já estudaste", ou do " o que andará ela a fazer à hora do almoço?". Final do 6º, mais uma decisão. Permanecer na mesma escola, ou mudá-la para a secundária. Ganhou a segunda opção. Separação da turma de 6 anos, levando consigo apenas uma amiga. Nova adaptação superada. Agora, a escolha de uma área para o 10º ano. Áreas, opções, potenciais saídas num país onde a única saída parece ser a saída à letra ( mas não lhe posso dizer isto). Com a possibilidade de não poder

Romaria de Nossa Senhora do Bom Despacho

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Vivem-se cá pelo burgo as festividades em honra de Nossa Senhora do Bom Despacho. Advogada das causas difíceis, está sobretudo associada à fertilidade e aos bons partos, tendo a devoção das gentes do campo e também de pescadores. O culto a Nossa Senhora do Bom Despacho é muito antigo, havendo provas de que pelo em 1680 ele era já bastante activo em S. Miguel de Barreiros ( antigo nome dado à freguesia da Maia, que tem como patrono o Arcanjo S. Miguel). Um curioso documento de 1733, subscrito pelo Pároco Luís de Oliveira Alvim, descreve-nos como, nesse ano, foram majestosas as festas em honra de Nossa Senhora do Bom Despacho. Eis alguns recortes: “A Igreja ricamente se armou e se compuseram perfeitamente os Altares de Damascos. Fez-se à Senhora nove dias com todo o asseio novena de tarde, com sua prática, a Ladaínha e outras devotas orações, descarregando-se em todos os nove dias várias roqueiras de fogo [...]; no dia pela manhã esteve o Santíssimo Sacramento exposto no altar mo

A relatividade da beleza

A beleza não é só exterior, mas também o é. Claro que é. E podemos dizer que uma pessoa tem um "padrão de beleza alternativa", mas isso não passa de um eufemismo. A beleza não é um conceito universal, tem diferentes matizes, quer em termos etários, quer geográficos, quer temporais. Ser bela no séc. X, XVI, XVIII, XX ou XXI não é claramente a mesma coisa. Mas para mim, há uma beleza que transcende o rosto ou o corpo, a beleza das pessoas "iluminadas". Essas pessoas até podem ser consideradas à primeira vista, como "feias". Mas sabem, são as feias mais bonitas que conheço!

Vidas separadas

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Sei que não é civilizado, nem politicamente correto. E admiro de coração aqueles que conseguem acabar relações e continuar amigos dos ex-. Mesmo. Mas não me parece que conseguisse olhar para ti e não ver o teu que é o meu olhar. Sem te fazer uma festa, sem ter a tua mão na minha cintura, sem  o sopro que antecede um beijo no meu pescoço quando passas por mim. Caminhar na rua sem ser de mão dada contigo. Imaginar-te sequer com outra pessoa. Olhar-te à distância, ver-te outro, com outros. Por isso, de facto, se um dia acabar, é mesmo para acabar. Eventualmente poderás escrever-me. E eu respondo. Sem voz, nem rosto. Só palavras, e se tiver mesmo que ser. Cada um segue o seu caminho. Que perder-te seria como perder um bocado de mim. E eu não queria ver um bocado de mim por aí, fora de mim, a lembrar-me do que foi e já não é, a fazer lembrar do que poderia ter sido...

Por que sorris?

Curioso. Quando vejo alguém sorrir, não penso forçosamente que seja feliz. Conheci sorrisos serenos na maior das adversidades. Em locais onde ninguém era feliz, mas onde todos por força das circunstâncias, eram obrigados a acreditar. Para não dar parte de fraco. Para dar o exemplo. A sorrir. E a receber sorrisos. Sempre. Porque ou era sorrir, ou chorar...

Os meus avós paternos

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Esta foto é de 1930. Aquele casal da direita são os meus avós. O meu avô tinha 16 anos na altura, a minha avó menos 4, se não me falha a memória. Viveram sempre juntos, na vida e no trabalho. À frente de uma drogaria herdada do pai, a minha avó recebia encomendas, destinava entregas, comprava, vendia, e nos últimos tempos do negócio não vendia só cal, lixívia, cimento, tintas ou pregos. Vendia as flores, os legumes e a fruta das vizinhas, cujos nomes estavam escritos num papel, numa das prateleiras de um armário, para que o dinheiro feito com a venda dos produtos de cada uma não se confundisse. O meu avô, por sua vez, fazia as entregas no seu camião bedford azul bebé... Numa sociedade onde quem mandava era o homem, quem mandava lá em casa era mesmo... a mulher.  De tal forma que até o nome por que o chamavam ( Sr. Pena, porque da Drogaria Pena), não era dele (o seu último nome era Santos), mas do sogro. E é engraçado como praticamente até ao fim partilhavam ou complementavam-se nas

Canetas vermelhas

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Habitualmente os conjuntos de canetas trazem duas azuis, duas pretas, e uma vermelha... Devia criar o Kit professor: uma azul ou preta e 4 vermelhas...Quem é que inventou que os erros se corrigem a vermelho? E que os exames se trancam? Alguém já pensou nos quilómetros de linha vermelha que os professores escrevem ao longo da vida?...

Não lhes (nos) matem o sorriso

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Foto de José Luís Estou absolutamente fascinada pelo rosto enrugado desta senhora maravilhosa, toda ela luz. Olho-a e penso nas casas que cheiram a alfazema e a aletria, nos lençóis lavados com sabão e secos esticadinhos ao sol (os lençóis na aldeia têm outro cheiro), na lareira acesa, nos abraços de quem passa muito tempo à espera. Penso no tempo medido pelo sino que toca. Nos carros de bois que chiam, guiados por "eh" e "ô"...Revejo o olhar seguro, vivo ( guitcho é a palavra certa ) de quem passou por muitos carnavais, viu crises e guerras, perdeu pessoas que amava, ganhou novos amores, e aprendeu que tudo se ultrapassa, porque para tudo há solução menos para a morte, que é por si mesma a solução final, por isso não há nada a temer. E lembro outros rostos que estavam um bocadito perdidos no tempo. E quase que me apetece pedir-lhe que conte uma história. É tão linda, essa senhora! ( Uma boa foto é a simbiose feliz de quem é retratado e de quem conseg

Adeus, peixinhos...

Depois de almoço. Atendo o telemóvel. Ouço a voz dela, aflita: Mãe! Morreu! Pergunto: Quem? - O peixe! Quero dizer, os peixes. De manhã morreu um, agora outro. E o que falta não está muito bem... Seria da idade? Do calor? Da água? O que é certo é que depois de uma experiência com um aquário como deve ser, com borbulhas e medidor de ph, em que os peixes morriam dentro de água, e alguns até se suicidavam saltando cá para fora, estes três aguentaram 10 meses honrosos num singelo Globo. Cansaram- se de andar às voltas. Ah, o terceiro finou- se ao fim da tarde. Fizeram- se umas singelas cerimónias fúnebres, e devolveram- se os bichos às grandes águas.
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É um local associado à minha infância. As bolachinhas variadas (os cacos, as de cereja, de manteiga...), as bolas de Berlim com um creme único, as empadas de vitela, os folhados irrepreensíveis, os lanches, os croissants... Enfim, só de pensar dou comigo a salivar! Por isso esta semana foi tempo de reavivar a memória, e transmitir à mais nova o testemunho desta tradição de " ir ao Porto" comer um bolo. Lá.

Allô! Experiência!

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O meu mais novo, o bloguito, já cá canta. A ver vamos se consigo postar alguma coisa por esta via! Figas...
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Conhecemo-nos (também) através das palavras, mas a verdadeira partilha, que exige mais atenção e conhecimento do outro, é a do silêncio.

Como era eu, a 25 de Abril de 74?

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Tranças enroladas, franja, saia curta ou calças à boca de sino. A comer pouco às refeições. A comer bolachas maria compradas avulso na mercearia. A tomar antibiótico para as amigdalites (mês sim, mês sim...). E a ouvir as histórias da minha mãe (para dormir, para comer, para passar o tempo)... E a  ir para a drogaria dos meus avós. E a brincar com os tios. E a cantar " ratinho foi ao baile, de casaca e jaquetão", e " era uma casa, muito engraçada, não tinha tecto, não tinha nada" ( desculpem lá mas no novo acordo a casa fica sem teto e não me parece nada bem), e " uma gaivota voava voava, (...), como ela somos livres de voar". Sabia lá eu o que era a liberdade. Mas era livre.

Inverdades os mentiras?

Sem querer reabilitar a mentira, tenho que reconhecer que às vezes,diante da crueza da realidade, há quem só consiga sobreviver inventando mentiras que minimizam assim o sofrimento. Estou especificamente a pensar em todos os idosos que justificam as ausências e distâncias dos seus com mentiras em que todos fingem acreditar, uns por piedade, outros porque dá jeito que assim seja. Nem todas as mentiras são más. Sobretudo quando a verdade não é boa... Quanto à mentira patogénica e maledicente, e citando uma aluna minha, é coisa de sapo: tem olho gordo, perna curta, língua comprida...e vive no lodo!

A propósito de outras guerras

Há dias em que olho à volta e ouço "quis saber quem sou, o que faço aqui". De pensar: mas o que ando eu a fazer? Há dias de alma nos pés. Mas depois há os outros dias. Dias de sorrisos, de "estou mesmo a perceber", de "gostei mesmo da aula", de sentir que vale a pena. De olhar para os jovens, agora a terminarem o 12º, que acompanho há 6 anos, que conheci com 11/ 12 anitos e agora têm 17/18, que lutaram, venceram estigmas e obstáculos, ultrapassaram dificuldades, e têm ido muito além daquilo que sonhavam. E são jovens atentos, que questionam o mundo e sabem dar opiniões sobre ele. Foi por todos eles que me alistei- os meus pequeninos, do 7º, os mais crescidos, do 12º,e os alunos dos cursos também... Mas há guerras no ensino que eu dispensava. Têm sido muitas as baixas (em sentido figurado e literal), muitos os que preferiram as penalizações de uma reforma antecipada à penalização maior de ver desmoronar tudo aquilo que correspondia ao enca
Se calhar o mau feitio é diretamente proporcional às vezes em que nos esforçamos para ter bom feitio e acreditar nos outros (mesmo que todos os sentidos pisquem "alerta vermelho") e saímos defraudadas... mas ainda assim vale mais somar algumas desilusões do que viver em desilusão constante!

Amizades virtuais

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Sempre tive poucos amigos. Muito poucos. Se calhar até sei porquê, mas não me apetece filosofar sobre o assunto. Por isso, o facebook não é mesmo a minha cara. Eu sou mais blogues.Vim parar aqui por acaso. A convite de alguém que depois até me bloqueou...Fiquei. E acabei por reencontrar velhos amigos, por sentir aqui um espaço de partilha e de convívio, que é inevitável passar por estas bandas. E acabo também por ver/sentir como amigos pessoas que não conhecendo, é como se as conhecesse. Porque as conheço de outra forma. Da mesma forma que não conheço tantas pessoas que aparentemente conheço, só porque falo cara a cara com elas. É que por estas bandas, não se fala cara a cara. Mas às vezes fala-se com a alma. Que é outro patamar.

Entre o deve e o haver

Os balanços são necessários. Com os que nos rodeiam, por exemplo.Para esclarecer mal entendidos, para falar abertamente de coisas que a quente não conseguem levar a mais do que discussões infrutíferas, para que cada um saiba o que o outro p ensa e sente. Que isto de esperar que os outros saibam o que nos vai na alma é poeticamente belo, mas nem sempre exequível. Mas os balanços não são necessários apenas na relação com os outros. Os maiores balanços, os que mais desafiam, são os que fazemos interiormente. A diferença entre o que somos e o que queríamos ser/ fazer/ ter, a gestão de tempo que fazemos, aqueles a quem nos damos, os sonhos que perdemos, ou que por força das circunstâncias adiamos ou substituímos...No deve e no haver da vida, há que criar algum equilíbrio. E os balanços servem para isso. Hoje é dia de balanço. Dlim, dlão...

As mãos

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Eu tinha 9 anos. E como se prova pelo anexo desenhava muito mal. Contudo, o meu desenho foi escolhido para decorar a pasta de trabalho da semana pedagógica. Como recordação recebi uma, com uma dedicatória muito especial, de alguém que vi um a única vez, mas que acabou por me marcar com as suas palavras.E diz assim: "Paula Cristina: As tuas mãos Mãos que unem, Mãos que dão e recebem, Mãos que trabalham, Mãos que brincam, Mãos que escrevem, Mãos que amam. Serão também: Mãos Que como uma borboleta, de flor em flor, transportarão o pólen Que fará frutificar Uma planta Um coração O MUNDO. São já: Mãos que sorriem Mãos que fazem felizes os outros Mãos que entre outras mãos são a razão das minhas mãos Que recebem de ti a coragem Para tentarem ser também umas mãos que amem. Um beijinho com carinho Maria Olímpia Grácio ( inspectora-orientadora) Maia, Abril de 1981" Dedico agora este poema aqueles que hoje são entre outras mãos, a razão das minhas mãos.

Prove que não se trata de um robô

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Prove que não se trata de um robô. Provei que não era. Mais de cem vezes. O que aqui está é fruto das minhas escrituras (sagradas, diz o meu tio António), no mural do Facebook, desde 2009 até Junho de 2012. Daí algumas incongruências temporais facilmente detetáveis. Veio sobretudo aquilo que escrevi, não fazia sentido que fosse de outro modo. Há ainda algumas coisas que faltam, eventualmente virão, ou não, conforme a vontade ou a pertinência das mesmas. E agora, amigos que me incentivaram a esta passagem? E agora, é desbravar caminho novo. Siga...
Às vezes parece-me que falo melhor com a ponta dos dedos do que com a boca!
Os computadores despertam em mim o síndrome carochinha. É que eu sem rato não sou nada! ( claro que fui eu que disse! "Sêcccaaaa")

Ai as palavras

A verdade é que gosto de palavras. Da forma como soam, às vezes como sabem, de como os escritores as desconstroem e com os seus pedaços inventam palavras novas ( o verbo miacoutar devia existir para classificar esse acto). As palavras são muitas vezes desbaratadas, usadas à toa. Há palavras que deviam ser usadas apenas em momentos especiais, com pessoas especiais, saboreadas devagarinho, pronuncia das como um sussurro que se prolonga no tempo. Há palavras que são longas demais, como envelhecer, outras que mesmo curtas parecem longas, como dor. Outras só estão bem acompanhadas, como "gosto de ti"... As palavras às vezes gastam-se. Por isso é preciso limpá-las de vez em quando. Como se limpam as palavras? se calhar esfregando muito os olhos, até que eles vejam o que as palavras queriam afinal dizer. Ou mudando a voz de quem as dizia. Ou encontrando um destinatário novo para as nossas palavras. As palavras. Sim, também gosto muito de atitudes. Mas as palavras são
Às vezes, não são as saudades dos ausentes as que mais doem. São as saudades dos presentes. Dos que estão ali, diante dos nossos olhos, mas que não reconhecemos. Porque mudaram, ou porque mudamos nós...
Há frases que nos marcam. Esta foi uma delas, proferida pelo professor de PDA, na última aula. Disse-nos : " Lembrem -se que se tudo na vida tem um preço, vocês não estão em saldo". Vale a pena pensar nisto.
Desculpem a insensibilidade, amigos lisboetas, mas acho que as marchas deviam ser filmadas nos aeroportos e estações de comboios, que é por onde mais portugueses marcham, hoje em dia! E não há Santo António que os segure, até porque o S. Pedro os empurra!
Há um tempo para parar, respirar fundo e pensar que mesmo que o nosso melhor não tenha sido "o melhor", foi o melhor que conseguimos dadas as circunstâncias. E a partir daí, aprender com os erros, corrigir, melhorar, agarrar todas as coisas boas que aconteceram pelo caminho, e partir. O fim de um caminho é só o início de um caminho novo. Sem atalhos. Sem desculpas. Sem medos.
Sempre tive tendência para associar pessoas à sua caligrafia. Deformação profissional, talvez. Intrigam- me as caligrafias que assumem, na mesma pessoa, estilos absolutamente diferentes. As letras inclinadas para a frente, habitualmente com "tês" e "pês "com hastes prolongadas, as caligrafias de " às " triangulares, em base a formar linha reta, típica dos que se habituaram a escrever guiados por r éguas e que mesmo sem elas, continuam a imaginar réguas imaginárias. As letras grandes, redondas, enlaçadas como cadeias de uma corrente, as letras pequeninas, delicadas, escritas quase a medo. As letras maiúsculas, a democratização em grande de todas as palavras. E as minúsculas, todas minúsculas, numa versão mais proletária da coisa. As letras infantis, a letra " à primária", redonda, certinha... Há quem diga que têm um significado. O computador matou essa magia que a escrita manuscrita tem. Por isso, um dia destes proponho que cada um

Beatriz

Lá foi ela, cabelo esticado, ainda mais loiro, no seu vestido vermelho, toda contente, para a festa de finalistas. Sorriso aberto ( um sorriso que não é fácil nem partilha com todos, mas que a ilumina completamente), a olhar do cimo dos saltos altos! Linda! A festa não é para os pais. Mas prometeu ir mandando mensagens. Por isso, hoje temos noitada, noutro sentido. Quando lhe caiu o primeiro dente , foi um baque! Lembrava-me bem de festejar o nascimento do primeiro, e já os estava a perder?!?! Agora percebo cada vez mais que a velocidade a que o tempo passa é avassaladora. E ainda assim dava-me vontade de avançar no tempo, dar uma espreitadela ao futuro, para poder depois recuar e apreciar melhor a viagem!
Digam-me lá: os vossos pés cresceram com a gravidez? É que quando casei calçava o 35, depois da primeira filha, passei para o 36, com a segunda avancei para o 37, às vezes 38... Agora voltei ao 36, mas já dei comigo a pensar que se tivesse 5 filhos, acabava a calçar para aí o 43! Será um meio biológico para nos mantermos equilibradas!?!?"
Apetece-me parar, fechar os olhos, inspirar,expirar, reduzir-me à existência básica dos que aparentemente apenas vegetam mas que na realidade possuem em si a essência da vida. Colocar-me em stand by por um bocadinho. Ouvir a voz suave da menina a dizer " por motivos alheios à nossa vontade temos que interromper a nossa emissão. o programa segue dentro de momentos". Isto de "viver todos os dias, cansa"... (não se compra um livro pela capa. Pois. E pelo título?)
Educação física sempre foi o meu calcanhar de Aquiles. No volley pisava os pulsos, ou acertava sempre com a bola em alguém ( de tal forma que mandava a bola e dizia automaticamente " DESCULPA"), no basquete era abafada pelos outros, no futebol o sítio onde fazia menos estragos era na baliza, a correr faltava-me o ar, a saltar o cavalo ficava em cima dele... As únicas coisas que fazia bem eram a po nte, abdominais e, no secundário, descobri uma modalidade em que era efetivamente boa: o badminton. Ainda assim, sinto que o que estão a fazer a educação física é inadmissível. Deixa de contar para a média. Qualquer dia lembram- se que se não conta, mais vale desaparecer. EF é sinónimo de promoção da saúde. Temos uma juventude tendencialmente obesa, os cortes orçamentais espartilham cada vez mais as famílias e qualquer dia praticar educação física só num ginásio privado.

21 de Junho

Deve chegar amanhã, mas anda desorientado. Costuma ser radioso, quente e brilhante, mas está encoberto pelas gotas, oculto pelas nuvens. Se o virem por aí, ajudem-no, encaminhem-no, não o deixem fugir. Deve chegar amanhã. Verão.
A primeira vez que as fiz, foi com um grande sacrifício. Não as como, nunca comi, e custa-me a cozinhá-las. De tal forma que dessa vez, a sentir-me cada vez mais enjoada, acabei por besuntar a zona imediatamente abaixo das narinas com pasta dos dentes, a ver se disfarçava o cheiro ( descobri pouco depois que vinha a Beatriz a caminho, e que os enjoos eram frequentes, assim como os desejos de... Pão com manteiga!). Hoje foi dia de rojões. As miúdas a protestarem com o cheiro das ditas. Por isso, foi a última vez. Daqui para a frente teremos espécie de rojões adaptadas ao bom ambiente que se deve respirar por todo o lado. Adeus tripas enfarinhadas...
Giro, giro é pensar: hoje estou cansada, vou deitar-me cedo. Acabar de mudar de roupa e ouvir uma voz interior a gritar: "estás a esquecer-te de qualquer coisa, estás a esquecer-te de qualquer coisa... Tens ação de formação on line"!!!! Toca a correr para o computador (se a ação fosse com câmara, era bonito...), ligá-lo (tens 3 minutos), abrir a página e TCHARAM: a ação de hoje começa às 22! Ufa! Inspira, expira, não pira.
Para quem andar preocupado com o fim do mundo em 2012,sugiro uma pesquisa sobre o monge Dioniso o Exíguo ( ou pequeno, porque humilde), e percebam que por erros de cálculo o nosso calendário contém erros, a começar pela data de referência: a do nascimento de Cristo! É que Jesus terá nascido pelo menos no séc IV... A.C! Por isso, deixem lá as profecias maias sossegadas! E lembrem- se que há muitos calendários no mundo!
Umas vezes fonte, outras foz, outras apenas canal que une e ajuda a ligar pequenas gotas de água que juntas se tornam um grande rio...
Ao longo dos trintas cresci de forma significativa. Sem me aperceber da situação, e arranjando mil desculpas,as hormonas, a idade, o metabolismo, medicação, enfim, com a certeza de que até o ar me inflava e sob o lema de que " quem não é para comer não é para trabalhar" ( que ainda aprecio bastante, nas duas premissas) lá me fui michelinizando...Depois de ter feito exames variados ( incluindo uma prova de esforço em que a máquina disparou ainda eu não tinha corrido sequer), de passar uma temporada abnegada e cansativa no ginásio ( onde pude descobrir em mim músculos que nunca sonhara existirem), de estar com hipertensão, hipoglicemia, e ver na balança números que nem em final da gravidez atingira, resolvi meter pés ao caminho e consultar uma nutricionista. Acreditava mais depressa na existência do pai Natal do que em resultados da dieta. Mas foi o tudo por tudo. Reduzi, alterei, a sopa tornou-se a amiga fiel. Continuei a comer o que comia antes, mas em menor p
Continuo a pensar que a monogamia é uma partida da civilização ocidental. Mas ainda assim vale a pena.E que aos 16 anos se tem uma visão diferente da realidade e dos afetos. Mas que esses afetos podem crescem e consolidar-se ao longo do tempo. E que a vida em conjunto é feita de respeito e de concessões mútuas. Na medida do possível, equilibradas de parte a parte. Mas também de risos, abraços, pa sseios de mão dada, olhares cúmplices, e zangas muito rápidas, para as pazes chegarem depressa. E partidas e chegadas, avanços e recuos, gargalhadas e silêncios, quase fins e recomeços.E que o maior desafio não é apaixonar-se, mas reapaixonar-se vezes sucessivas pela pessoa em que aquela pessoa por quem nos apaixonamos pela primeira vez se vai transformando. E saber apoiar o outro, pelo outro e pelos seus sonhos, mesmo que não sejam os nossos. Mais, fazer na medida do possível dos seus sonhos os nossos, sabendo também ser o outro lado da balança quando é preciso. Diz o MEC que
Tu és SER, És AMAR, És DAR... És a origem das nossas vidas a bússola que sempre nos orientou, a "boa sorte" desejada à saída e o abraço que nos acolhia no regresso da escola. Foste a âncora quando, se calhar, até desejavas soltar as amarras do navio que havia dentro de ti... Quantas vezes te esqueceste de ti, por nossa causa? Quantas vezes adiaste os teus sonhos, e com eles te adiaste a ti própria? Porque eras a esposa, a mãe, a filha, a irmã, a nora... E em tantos papéis, havia pouco espaço para ti! Soubeste ser sombra, quando por dentro eras luz. Soubeste esperar, sem baixar os braços. Conseguiste realizar os teus sonhos, mesmo que alguns tenham perdido o encanto com que eram sonhados. Quando surgem as dúvidas na nossa vida, é a tua voz que ouvimos, mesmo na tua ausência. E continuas a SER, perpetuando-te em todos os que amas, continuas a AMAR a todos a quem te dás e a DAR aquilo que tens de melhor: TU! Gosto muito de ti, Mãe Cidália ! Tu, que
Há pessoas que valorizamos pelas coisas que nos dizem. Outras, mais especiais, pelas coisas que nos fazem dizer... Ou porque simplesmente nos deixam a pensar! Porque o maior dom nem será o dar respostas, mas o de saber fazer as perguntas certas...
As verdadeiras memórias são as que ficam registadas no coração, não numa folha qualquer. Foi aqui que cheguei hoje. Ás vezes não conseguimos ver o que é mais evidente. Sinto que pus os pontos nos is. Resta perceber onde colocar os pontos finais. Reticências.

Avô Luciano

É justo que eu fale do meu outro avô. O avô Luciano. Moreno, alto, cabelo escuro meticulosamente penteado para trás ( com ajuda do petróleo olex- ou seria restaurador?), dedos compridos, unhas bonitas, rectangulares... Lembro-me de ser pequenita (5 anitos, talvez), no primeiro de Janeiro, e ele virar-se para mim e dizer: "não nos víamos desde o ano passado!" . E eu ficar a pensar " mas ainda ontem estive aqui..."Depois de anos na Venezuela, dedicou-se a um café perto da estação de Campanhã: o Café Capri. Recordo-me bem do cheiro a café, dos rebuçados castanhos, estreitos ( de café? de canela? Nem sei...), dos sugus de hortelã pimenta, das chicletes... De uma porta pequenina que ficava junto ao balcão... Mas foram poucas as vezes que fui ao café. Lembro-me, isso sim, do lado brincalhão do meu avô. Sempre a " penicar" a minha avó, que lhe ía dizendo que estivesse quieto, da forma como pegava nela ao colo, da piada como dizia as coisas, da s

Avô Domingos

Era um homem vistoso. Alto, cabelos ondulados, louros, olhos muito azuis, elegante. Mãos magras e nodosas. Nariz aquilino. Ao domingo vestia a roupa de ver a Deus, e punha o chapéu preto da praxe. À semana, trabalhava de sol a sol, entre as entregas de encomendas, as descargas de camiões de cal, cimentos e tijolos, e os campos que também cultivava. Na ausência de televisão, lia em voz alta as notí cias de jornal, para quem as quisesse ouvir. Era conhecido pelo nome de família da esposa, e era a esposa quem decidia, fazia e desfazia. Não me lembro de o ouvir reclamar. Levava-me à escola. Acompanhava-me ao médico. Mais tarde, esperava-me de surpresa à porta da secundária- e disso eu não gostava mesmo nada. Tinha uma certa aversão a rapazes, e dava conselhos fantásticos como " parte-lhe a lousa na cabeça que eu dou-te outra". Mas já não há lousas, avô. Respondia-lhe. E ele retorquia: " então dá-lhes com o guarda chuva". Ficava fascinada quando o via c
E chega aquele momento de olhar à volta, fechar os olhos, inspirar bem fundo e rezar para que as coisas fiquem assim por uns tempos. Sabendo que daqui por meia dúzia de horas ficará tudo como é costume! Não, não me refiro a questões de ordem sentimental- afetiva-familiar... Falo mesmo é de limpezas!
Às vezes até parece que faço milagres. Mas não valem a pena promessas, que o meu modus operandi é outro...
Há conversas que nos sabem bem no momento, filmes/ livros de que gostamos, com os quais choramos e rimos, narcotizantes intervalos da vida real que não deixam memória alguma para além do momento bem passado, pessoas que convivem connosco como a brisa agradável que nos alivia do calor excessivo de um dia de verão e depois segue o seu caminho. E depois há aquelas pessoas, aqueles filmes/livros, aq uelas conversas que parecem novelos cheios de pontas soltas, de pormenores que aos poucos vamos digerindo, como peças aparentemente soltas de um puzzle que aos poucos vamos conseguindo conjugar. São aqueles momentos tipo brainstorming, em que as palavras, as ideias, as imagens se sobrepõem em múltiplos planos. Parecem feitos de areia e luz. E contudo, quando os olhos do entendimento se habituam, tudo faz sentido! Gosto desse tipo de pessoas/ de conversas/ de filmes/ de livros/ e por aí fora, que não acabam com um " fim", ou um " adeus", que nos deixam com
"ó mãe, o que é que tu aprendeste connosco?"- foi com a pergunta da S., uma pergunta a que já respondi tantas vezes, que começou a nossa conversa ao jantar. As três. No feminino. E comprovou-se que as palavras são como as cerejas. Temas variados, desde o ser/ Sentir-se feliz ( e os múltiplos conceitos de felicidade e como eles podem variar ), o que é ser " normal" ( ó mãe, tu não és normal, norma l é seca, para a mais nova, a mais crescida apontou para uma perspetiva mais filosófica da coisa), as mudanças que ocorrem nas pessoas ao longo do tempo, até aos critérios a ter em conta para se escolher uma profissão. Apontei-lhes com a remuneração, responderam-me que o importante é fazer o que se gosta,(chamem-me idealista, mas penso o mesmo), se bem que às vezes até se acaba por gostar de cursos que à partida não agradavam, acrescenta a B....Conversa deliciosa e uma mãe deliciada. As sementes estão lá! A germinar, a crescer, a dar os primeiros frutos. Li
Estava numa loja de produtos de higiene e limpeza que também vende perfumes. Eram um casal com muito bom aspecto. Ela ía experimentando vários perfumes. Uns eram doces, outros frutados, ou enjoativos. Uma saga. A menina lá ía ajudando, dando sugestões. A certa altura, propõe um novo, acabado de sair. Correspondia ao gosto da Senhora. E responde-lhe a mesma: "Esse não, é muito caro. E perfumes caros, tenho muitos em casa. Prefiro comprar um mais acessível. " Mas por que é que as pessoas se justificam? E há necessidade destas coisas? Não bastaria um gosto ou não gosto? Seja do aroma ou do preço, é para o efeito indiferente...
Sempre afirmei que tenho má memória. E hoje subitamente dei comigo a pensar que provavelmente tenho é memórias a mais...

Promoções e outras complicações no sítio do costume

Às 8.30 o estacionamento está completo. Pessoas à porta, em fila. E já é o terceiro dia! Dou comigo a pensar: se calha de haver racionamentos, ou algum tipo de limitações ao consumo, o que é que serão capazes de fazer? Ou isso, ou é o prazer da caça! É fazer mira ao corredor da carne, de telemóvel na mão a somar o peso, agarra-me aí o um lombo, não deixes escapar o cabrito, e junta-lhe mais uns frangos. Enfim...coisas do sítio do costume. E começo a concordar que uma parceria dos proprietários destes grupos ligados às cadeias de hiper e supermercados no governo tiravam-nos mesmo da crise, e enchiam as dispensas...

Porque é que gosto do FB

Por estas bandas não são só as imagens que se levam, as fotos que se roubam ou as citações que se copiam... Por vezes são os próprios amigos que se partilham. Eu, pelo menos, sou assim. Quando leio textos ou opiniões com as quais me identifico, vejo partilhas que me tocam ou a defesa de ideais que também perfilho, peço amizade aos amigos dos meus amigos. E é curioso reparar que acabo por ter um le que grande de amigos que surgiram dessa maneira. Pessoas que nunca teria conhecido, com quem nunca teria tido oportunidade de trocar impressões, com quem aprendo, às vezes com quem discordo e desaprendo ( E desaprender é muito importante. Para podermos ir mais além temos que desaprender as coisas velhas, e aprender coisas novas). Pessoas que me sossegam. Pessoas que me inquietam. Vocês. Gosto muito de vos ter conhecido, melhor, de vos ir conhecendo. Gosto muito de vos ter como amigos!
A verdade de uma pessoa não está só no que ela te revela, mas naquilo que não pode ( ou não quer? ) revelar-te.Portanto, se quiseres compreendê-la, não escutes apenas o que ela diz, mas sobretudo o que ela não diz ( ou diz de outras maneiras). ( Kahlil Gibran com uns acrescentos meus)
Ontem num programa da tv estava um cozinheiro a dar beijinhos no focinho de um borrego, enquanto levava os outros dois para o " slaughter", e dizia ao primeiro que se tinha safado porque estava doente. Esta coisa de criar cheio de cuidados e carinhos um animal para depois o matar sempre me mexeu com o sistema. Quando a minha avó matava galinhas, ou coelhos, eu tratava de garantir que não ouvia nad a. Não virei vegetariana, mas desde então que não como galinha caseira nem coelho ( ora bem, geralmente tinha uma alternativa deliciosa- os ossos de suã , feitos com um porco que nunca conhecera.)Uma ocasião, estávamos a passear na aldeia, e sai uma senhora com um borrego. Olha, o mémé, dissemos nós à Beatriz, na altura pequenina. Ela lá fez festinhas ao bichito. Agora vai guardá-lo, é? Perguntamos. Não- respondeu a senhora. E olhou para dentro do baixo ( o rés do chão). Através da porta vi um borrego já sem pele, ainda a pingar. Bem, desatei a correr, só parei no fi
No domingo de Páscoa acordava-se cedo. Para ir buscar o feno, que se colocava ao portão ( algumas pessoas juntavam flores, ou até só punham flores. Mas o feno tinha uma vantagem: ía secando, e no final do dia havia um cheiro adocicado nas ruas), o copo com água, o envelope para o padre...Sempre com o ouvido atento ao sino que anunciava o compasso. Com idas rua abaixo, para levar o folar à minha a filhada ( a partir dos 12 anos...), rua acima. Chegava o compasso, todos se juntavam. Todos não, faltava o meu pai. Que também andava na visita Pascal , e nem sempre fazia a rua onde morávamos ( a partir de certa altura, começaram a ter esse cuidado...). Depois vinha o almoço, as amêndoas, o pão-de-ló, feito em casa na forma de barro, os ovos cozidos com cascas de cebola, ou pintados por nós... O tempo passou. Ainda existe compasso, mas cada vez há menos pessoas a abrir a porta. Em contrapartida há aqueles que passando de carro, param e pedem para beijar a Cruz. Eu gosto de t
Na impossibilidade de apagar certas pessoas das nossas vidas, era tão bom conseguir apagar todas as más memórias que fizeram com que nos afastássemos delas. O ideal era conseguir fazer um reboot, acreditar que aquela pessoa realmente mudou, ou na pior das hipóteses conseguir fingir que se acredita. Devia ter desenvolvido alguns dotes histriónicos. Enfim, há que reconhecer quando se esgotaram todas as hipóteses. Se há uniões kármicas, se calhar também há as desuniões kármicas, sei lá. E não, não gosto nada disto. Mas há sombras na luz.
Tarde de cinema. Sessão dupla. " A dama de ferro" e " Um método perigoso". O primeiro não me prendeu nem convenceu por aí além. Faltou-lhe consistência. Salvo o desempenho de Meryl Streep. Se calhar chocou-me que toda a sequência do filme assente numa Margaret que nada tem a ver com a imagem tradicional que ainda está na memória. Já o segundo... Bem, ainda estou a digerir. Até porque já era fascinada por Freud, agora vou dedicar-me mais a Jung e ao significado dos sonhos. E aos outros todos. Grandes malucos, todos eles. Mas provavelmente, para conhecer o outro lado, só vivendo do outro lado!
Eu não morro de amores pelo Titanic. É uma bela história de amor, tem um retrato da época de alguma utilidade histórica, mas enerva-me a lentidão com que o navio se afunda, o sofrimento crescente, prolongado, desnecessariamente acentuado ( sabendo-se de antemão o desfecho) de tal forma que cheguei a uma altura em que me apetecia afundar de vez o navio, a ver se a coisa acabava de vez. Por isso, não tenciono revê-lo em 3 D. Nahhhhh! Prefiro o filme da família que comprou o zoo. Lamento. (Ah, e também não consigo ouvir a Adele, faz -me comichão na garganta.)
À saída de casa, estava um vizinho a perscrutar a porta da entrada. Mais uma tentativa de arrombamento. A somar a outras marcas, mais antigas. A criminalidade está a aumentar, um assalto a uma farmácia aqui perto indicia claramente a proximidade do perigo. Sinais do tempo, dirão alguns. Nem por isso menos inquietantes. Por outro lado, não há dia que não veja pessoas a tirar sacos de roupa dos con tentores de recolha ( e destes não é fácil, nos anteriores era costume haver quem entrava no contentor e mandava o que interessava cá para fora), a escolherem ( uns voltam a pôr a roupa que não serve lá dentro, outros deixam-na cá fora, numa triste pirâmide), quase como quem rouba. Todos os dias, depois das 9 da noite. E às vezes à tarde. Não haveria uma forma de dignificar esta situação? Idealmente deveria haver armazéns, onde as pessoas ( estas e outras...) pudessem ir buscar a roupa, com calma e dignidade. E se há esses armazéns ( Cruz vermelha? Santa Casa? Outras organiza
"Arrebentar" é daquelas deturpações que parecem aumentar o volume da explosão. E " derrepente" dá mesmo a ideia de ser mais depressa. E escrever-se que a revolução " votou abaixo" o governo? E a " burla das indulgências"?
Sempre tive amigos virtuais. Não estavam na net, nem eram imaginários. Estavam nos livros, e alguns eram quase sentidos como reais. Por isso, venham os livros! Porque o cheiro dos livros, a textura do papel, o prazer de sublinhar uma ou outra frase, nunca poderão ser substituídos por um livro digitalizado num écran qualquer. Pelo menos para mim.
A propósito de uma conversa aqui em baixo, acerca de revoluções e cravos, lembrei-me que há quem defenda que no nosso país as mudanças de regime foram acontecendo não por brilhantismo dos revolucionários mas por envelhecimento/ falência da situação. A monarquia, transformada em " mornaquia" cai porque era esperado que assim fosse (D. Manuel II considerava-se até um rei sem reino), a ditadura, nas mãos de Caetano, que fora mais continuidade do que evolução sucumbe nas mãos dos militares, numa revolta que ao que parece já era conhecida pela CIA, mas desconhecida (?!?!) pelos líderes nacionais. Bem vistas as coisas, a revolução foi de cravos mas os meses seguintes mais de espinhos do que outra coisa, ameaçaram a paz, foram difíceis e até violentos. Neste momento, falta cumprir muito do que Abril significa. Mas para que isto mude, a maior revolução a fazer nem será a política. Será a da cidadania. Quantas vezes nos demitimos de responsabilidades, sob o argumento
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Bj, jinho, bjo, beijinho, bjinho, beijoca, beijinhos grandes (?!?!), beijufas, beijão...Supostamente hoje, sexta feira treze, é também o dia do beijo! ( quem inventa estas coisas?) Por isso, apliquem os vossos dotes osculatórios! E já agora, acham que isso do " beijo técnico " existe? E o " olho clínico"? É que estes conceitos soam-me a endrómina.
Já lá vão uns 10 anos...Conversávamos sobre cozinhados, e veio à baila o arroz de frango no forno. E quando eu disse que a parte mais apreciada era o arroz tostadinho que fica em cima, respondeu-me : essa parte nem vai à mesa. Fica para a empregada... (Tem uma empregada cheia de sorte!)
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Realisticamente tenho a coerência de uma manta de retalhos. Com gostos variados, hábitos inconstantes, sonhos que tantas vezes não passam disso, vivendo entre a serenidade calma de ser -se âncora, tendo um lado que parece ter nascido para voar. Coerência? É uma linha recta, previsível, calculada. É imobilidade. Não, nem sempre sou coerente. Às vezes por prudência, ou por cautela. Outras porque razão e coração entram em desacordo.E também porque gosto de escolher as minhas batalhas. É que no fundo, eu não tenho a coerência dos outros, mas tenho a minha.
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Faz hoje 4 meses. Dia em que Cesária partiu. Chegava eu a casa, de outro funeral. Nesse dia, dei comigo a olhar para ele. É das poucas alturas em que ficamos longe um do outro e o vejo à distância. Eu atrás. Ele à frente, a marcar passo, pegando na urna. À espera que a cerimónia prossiga. Volta a pegar. Pensa-se em tanta coisa nesses intervalos. Sobretudo recordações. E no meio das lembranças vei o a imagem já com 3 anos, de um padre a falar sobre ramos de árvores que apodreciam, e que tinham que ser retirados para que a árvore ficasse mais bonita. E da vontade que eu tive de sair de onde estava ( na zona das mulheres), e de mandar calar o homem que de certeza não conhecia minimamente aquele que partira. E o aperto no coração ao ver aquele metro e oitenta de homem feito, ali encostado a uma parede do altar ( na zona dos homens), de rosto angustiadamente inexpressivo, com as lágrimas a correrem cara abaixo. Quando um pai parte, somos todos meninos órfãos, pensei. Me

A Senhora da Saúde

É a primeira romaria do ano, cá pelas redondezas. A festa de Nossa Senhora da Saúde, naquela que para questões de correios e de água é a freguesia onde vivo ( para os recibos da luz e no registo predial moro noutra, que fica mesmo ao lado). Bem, para cumprir a tradição lá passamos pela festa. E posso dizer que não me lembrava de ver tantos rostos tão tristes. Refiro-me aos vendedores. Olhos apagad os, alguns com filhos pequenos ao colo, ou miúdos enroscados nos casacos, de olhar parado. Movimento maior junto de um ponto de venda de pão com chouriço, cachorros e bifanas, com um écran onde passava o jogo de futebol. Duas carrinhas com policias acolitavam o sítio. Atentos. A olharem lá para dentro. Nunca se sabe o que pode acontecer quando as pessoas se põem a comer cachorros! Sigamos. Tudo em modo de banho maria. E já passava das nove. Exceçao para os carrinhos de choque, onde a explosão de abalroamentos suscita as risadas dos que estão a observar. Um grupo está a be

A propósito de um abril ainda por fazer

Fala-se do que falta cumprir de Abril. O MFA tinha os 3 d: descolonizar, desenvolver, democratizar. No primeiro, a descolonização foi um processo precipitado que trouxe mágoas de parte a parte. Foi o triste regresso dos nacionais, pejorativamente chamados " retornados", que perderam tudo, e tiveram que recomeçar do zero numa sociedade completamente retrógrada e num Portugal do passado. Eles, que v inham de um meio arejado nas ideias e na qualidade de vida. Ainda assim, foram com o seu espirito de iniciativa uma mais valia para um Portugal que certa forma também começava do zero. A solução federalista teria sido melhor? Não andamos anos a fio a agir para com as colónias como pais que, com sentimentos de culpa por não terem sabido educar os filhos, os vão ajudando depois, ao verem que se digladiam em guerras civis? Mas se o processo de descolonização é questionável, já o fim da guerra foi o suspiro de alivio para muitas famílias. Democratizar: temos uma constit
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Piroso em chique é Kitsch. E não ter gostos musicais definidos é ser eclético! Eu sou muito eclética, e canto esta, cá por casa, em tom de afugentar vendedores, helders e testemunhas de Jeová!...Um dia destes, ainda fazem uma vaquinha e contratam um exorcista! Mal eles não sabem que os meus demónios são de estimação, e controlam-se bem!
A rua estava repleta, de um lado e do outro. Desde as 4 da tarde ( pelo menos) que aguardavam pela chegada do carro, que apareceu já muito depois das sete, hora a que eu estava a sair da escola ( mesmo em frente à igreja) . E dei comigo a pensar que há algumas coisas que admiro na sua etnia: o sentido de família, de união, o dom da alegria ( o " cantar e bailar"), os quilómetros feitos para festej ar por longos dias um casamento ( reticências para algumas questões relativas a este item) e a ideia de que têm sempre tempo. Disseram-me hoje que choram nos nascimentos e cantam nos funerais. A ser assim, amanhã as musicas ecoarão bem alto. Alguém disse, uma vez, que o tecto dos ciganos é as estrelas e o pano. Cada vez esta frase é menos real. Mas conheço alguns que trocavam de bom grado o cimento e as telhas pela liberdade que antes sentiam.

Penterofobia.

Sogra ( a par de madrasta) é uma palavra que merecia ser eliminada do dicionário, substituída de preferência por uma palavra que tivesse "is"- acho que as palavras com " is" são mais meiguinhas. Se ver um filho a crescer não é fácil, vê-lo partir com outra pessoa, outros hábitos, a monopolizar-lhe os afectos e a tomar-lhe o tempo ainda deve ser mais. E aqui há duas hipóteses: uma postura colaborat iva de parte a parte, ou a postura competitiva- que acaba por levar a afastamentos...Há quem as adore e quem fuja delas a sete pés, com razões devidamente fundamentadas. Há até a penterofobia, que é ( pasme-se!) o medo exagerado delas. Refiro-me às sogras. Hoje é o seu dia! Tendo em conta o rol de anedotas que se contam a propósito delas, adivinha-se um dia de gargalhadas. ( eu queria uma foto das bolachas enroladas baunilhadas que se vendiam na praia sob o nome de línguas das ditas. Mas não arranjo!)
Alguém precisava de um parafuso. E viu que um carro estava sempre parado na garagem . E levou o parafuso que precisava. Hoje, quando o carro começou a andar, caiu a tampa da jante. E a mulher que esperava que o carro avançasse para entrar ficou de tampa na mão. E essa mulher é aqui a vossa amiga. Que de qualquer forma até estava aliviada. Porque hoje também assaltaram aqui a garagem do prédio ( se m sinal de arrombamento para entrada), com portão alterado para a saída. Para roubarem motas. Aquela garagem começa a assemelhar-se ao submundo! Parte dois do dia: depois de mais uma apresentação de manuais, em que as filhas se aproveitaram da boa vontade do pai e da ausência da mãe para fazer umas comprinhas, acabamos a tarde a ver a exposição de fotografias dos judeus polacos, na antiga cadeia da relação do Porto. Recomendo completamente. Se bem que as miúdas acabaram por ficar mesmo com vontade de visitar as instalações da cadeia. Ficou a promessa de voltar. Agora tenho o
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Em situação de crise e desemprego é natural e compreensível que as pessoas prescindam dos seus legítimos direitos para garantir a manutenção de um trabalho que até pode ser mal pago, mas é trabalho. Todavia, confesso que cada vez me parece mais real aquela canção de Sérgio Godinho, em que se diz " primeiro de Maio só de quinze em quinze anos, feriado em Abril só no dia dos enganos"!

Lembrei-me de ti...

Tenho a sorte de me ter cruzado com pessoas verdadeiramente originais. Algumas fazem parte daquelas amizades de outros tempos, de outras geografias, de que se perde o rasto com o passar do tempo.Lembro-me bem do telefone tocar. 11 horas da noite. "Olá ( dizia do outro lado) Estou aqui numa cabine, e vou ser os teus olhos ( naquele tempo não havia telemóveis)- e a partir daí eram as descrições do que via, do que imaginava acerca do que via, intercaladas com os meus comentários, numa alegre cavaqueira, interrompida por " espera lá, tenho que pôr mais moedas", acabando quando as ditas se esgotavam. Outra pessoa, sensação semelhante. " estou a telefonar-te porque me lembrei de ti. Sabes onde estou? No cimo dos Pirenéus. E daqui vejo..." E era como se facto eu também estivesse lá! A questão é: na nossa vida lembramo-nos frequentemente de outras pessoas. Mas raramente tiramos um bocadinho de tempo para lhes darmos a conhecer esse facto. E é pena pe

As rugas...

As rugas são as linhas escritas pelo tempo . Enquanto uns as querem apagar, outros valorizam-nas como se cada traço revelasse este dia importante ( e a vida está cheia deles), aquele problema que entretanto se resolveu, o medo superado ou a mágoa que se guardou lá no fundo do baú da memória. E confesso que encontro beleza naqueles rostos puros e enrugados que se encontram por aí. Sobretudo quando são acompanhados por uns olhos que transbordam vida e o sorriso sereno de quem já sobreviveu a tempestades suficientes para saber que a bonança acaba por chegar. Na sociedade das fugas ( da realidade, dos outros, de si próprios), era bom começar a valorizar as idades per si. Acabar com a idolatria em relação à juventude. Que tem inegável valor, sim. Mas há conhecimentos que só se atingem com a experiência, e esta só se adquire vivendo. Todas as idades têm os seus encantos. Mas as pessoas passam o tempo a suspirar pelos encantos de uma idade que não é a sua... E dizia alguém: sa
É preciso falar da liberdade, aprender a liberdade, conhecer quem lutou pela liberdade, pensar no que ia dando tanta sede de liberdade, compreender que é fácil perder a liberdade, ver que cada vez se sabe menos da história recente de Portugal.

7 de Março

Foi a 7 de Março. O dia amanheceu com a expectativa da sua chegada! Dos primeiros meses, lembro-me de pouco mais para além das canções de embalar que a minha mãe cantava. Mas depois, as memórias alargam-se. Desde as nossas tentativas para salvar os pardais que apareciam caídos no chão ( e dos funerais subsequentes, para os salvarem do estômago de algum gato que andasse pelo quintal), da casinha qu e fizemos para os caracóis, do seu gosto por carpinteirar, das armadilhas que fazia (buracos no chão, um fundinho de água, cobertos por pauzinhos e folhas a disfarçar).Foi a minha aluna a brincar. Outras vezes éramos mãe e filha. Corríamos quintal fora, aos berros,enquanto o nosso avô dizia: corram devagar! Depois cresceu. Dada a causas. Com muitos amigos. Sempre pronta a ouvir os outros. A ser colo. O tempo passou. Hoje é o seu dia! Parabéns, irmã!

9 de Março

As coisas não aparecem à tua porta, ouve-se. Nem as pessoas. Mas a verdade é que tu apareceste. "Posso entrar?". Entra, senta-te aí. Levantei o olhar. Tu e o sol. Forte, como o de hoje. Apesar do sol, foste tu quem mais brilhou. Achei-te parecido com o baterista dos U2. Lembro-me que conversamos, sempre acompanhados pelos acordes da viola. Não imaginei que era o momento de interseçao dos nossos caminhos. Estávamos a 9 de Março. 24 anos depois, continuamos juntos. É de mim, ou o tempo passa mesmo a voar??
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Seria altamente positivo para o ânimo nacional se por cada 3 desgraças apresentadas nos noticiários, se fosse obrigado a passar uma noticia positiva. Falar da crise não a resolve. Pelo menos desta maneira. Em que uns são excessivamente técnicos, e outros descaradamente demagógicos.Enfiar a cabeça na areia também não. Mas criar nas pessoas o desânimo constante é o verdadeiro tiro nos pés. É o " nã o vale a pena". Nesse estado de espírito, nem na prosperidade se sobrevive, quanto mais na crise! Estamos com dias lindos, cheira a primavera. E dedicam notícias à seca. Quando começarem as chuvas, vão aparecer os lamentos porque devia estar sol, e é tempo de ir para a praia. E tal fazer o melhor que se conseguir com aquilo que se tem???
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Às vezes apetecia-lhe ser um solitário nada. Daqueles nadas que flutuam na atmosfera, livres, anónimos, sem ter quem os agarre ou os prenda. O nada é leve. O tudo prende. E ela precisava de aliviar o tudo que a tolhia e tirava o ar. Sonhava pois nadificar-se. E um dia percebeu. Que o tudo a abafava tanto, que o tudo a tornava nada. E que ser nada seria pois para si ser tudo o que o tudo a impedia de ser... ( às vezes, paro de corrigir testes. E escrevo.)
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Ainda ecoa: homem que é homem nunca se perde. Anda é à procura de caminhos alternativos.
Quando nos pedem em casamento, deviam dizer qualquer coisa como: acho-te uma boa trapezista... Queres partilhar o arame comigo?
Hoje é dia de S. José. O homem que há dois mil anos ( e uns trocos) casou com uma jovem grávida de um filho que não era seu. E criou-o como se fosse. Já tinham pensado nisso?
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Há pessoas que permanecem nos momentos incertos, e quando se dá a acalmia, se afastam. As bonanças às vezes separam aqueles que estavam unidos na tempestade. Se calhar porque não eram as afinidades que os uniam, mas simplesmente o inimigo comum. Vencida a tempestade, a união já não se justifica. Se bem que há também a questão do desgaste que os momentos incertos causam nas pessoas..
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Durante muito tempo achou que a vida a fizera Penélope de um Ulisses saltimbanco. A que ficava, que cuidava dos que também ficavam, que remendava os sonhos ouvindo falar de locais que tinha a certeza nunca iria visitar. A que fazia e desfazia uma teia de letras, que os teares eram feitos de teclados e écrans. Até ao dia em que podendo sair, descobriu que se calhar preferia ficar. E percebeu que ali era o seu local. Não perdera os sonhos. Teria perdido as asas?