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A mostrar mensagens de agosto, 2012
A minha filha mais velha nasceu no último dia de férias de Natal. A mais nova quase no último dia de férias de verão. Não tive o terceiro porque as férias da Páscoa não têm uma data fixa...

Concursos

Hoje é dia de coração apertado para um número significativo de professores. Saem as colocações depois de um final de ano lectivo tudo menos calmo, um Agosto cheio de dúvidas, plataformas informáticas entupidas, informações contraditórias, concursos e mais concursos. Não é de hoje. Mas ao fim de tantos anos a ver sempre a mesma coisa, sinto que era tempo de mudar. Porque todos os anos há muitos professores que quando entram na sala de aula, em Setembro (e são uns felizardos!), fazem-no felizes... Mas cansados. Porque não foi só o subsidio de férias que perderam. Foi o direito a descansar ao fim de um ano de trabalho. O meu pensamento está convosco! Pensamento positivo e muita sorte para todos!

Parabéns, Sofia!

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Por esta hora ainda não tinha chegado, mas já se anunciava. Eu continuava a achar que não queria epidural ( aliás, eu dispensava o soro o tudo o que envolvesse agulhas, mas enfim). O pai preparava-se para assistir a um nascimento pela prime ira, e por isso repartia as suas atenções comigo e com as maquinetas que mediam a intensidade das contrações e os batimentos cardíacos. A parteira falava, falava... Estava preocupada, parecia-lhe que a posição não era muito boa, e que se calhar ter-se-ia que passar a cesariana. Vem a obstetra. Que não deve haver problema, há muito espaço. Passa um enfermeiro, pega na minha ficha. " então é professora?". Faço-lhe cara de " estou a meio de mais uma contração", responde-me " parece-me que não lhe apetece conversar". Parteira impõe-se: os tempos são outros, já não tem que sofrer assim. Acedo à epidural. Chegam as anestesistas. Novinhas, parecem-me alunas! ( a partir de uma certa altura todos começam a ser nov

I believe I can fly...

Se nos recordamos dos momentos mais marcantes da nossa vida nos últimos momentos, este será um dos que não vai falhar. Vestia uma saia castanha, tipo indiana, comprida, calçava umas socas Dr. Schoolls (na altura tinham-me custado muito acima do que eu costumo gastar, mas o modelo com sola de madeira a lembrar o antigamente chamou por mim), e estava de férias, em Vilamoura. E foi precisamente no supermercado da cadeia que não é "aquisuper" que ficava junto a um cinema, e que se dividia em dois andares ( o rés do chão, para as mercearias, o inferior para o talho, pão e frios/congelados) que tudo aconteceu. Estava a descer a escada de acesso ao piso inferior, e não sei como, descarrilei por ali abaixo, a contar os degraus com o que vocês estão a imaginar. Não contente, uma das socas ainda voou em direção à parede, enquanto a outra saltou, e bateu-me no dedão (que acabou por ficar pisado). Ficou-me na memória o ar surpreendido do senhor do talho ao ver a minha entr
Ficas bem assim, vestida de férias. Saia ao vento (olha, afinal ao fim de 11 meses de calças, tens pernas!), ombros menos brancos do que é costume, pele brilhante e macia. Com tempo, sem pressas, sem ter que tirar a tarde de domingo para preparar o trabalho da semana. A acordar às 7 ( ou até depois), quando em dias normais essa é a hora de tomar o pequeno almoço, com a sensação de já estares atrasada. Tudo parece já longínquo, como uma meta que se atingiu, se ultrapassou. E eis senão quando sentes que este intervalo está quase a acabar. Só falta uma semana. Melhor, ainda falta uma semana. Com um aniversário a celebrar. Manuais escolares e toda a panóplia de material escolar para comprar. E começar a preparar a rentré na vida de todos os dias. Com energia renovada!

Quantos tens?

Mas por que carga de água havemos de saber as idades? Afinal, todos os anos elas mudam!!!!
Digamos que para nós Ele era a aldeia. Apesar de a ter deixado pouco depois dos 20 anos, no início dos anos 50, e ter regressado mais de 40 anos depois. Porque sempre se assumiu transmontano de nascimento, crescimento e feitio. O ponto alto da vida na aldeia era/ é a festa de S. Bartolomeu, a 24 de Agosto. Dia de juntar a família, de madrugadas no forno a lenha para assar o leitão e o cabrito, de procissão, e visitas da família. Com a sua morte, foi um bocado da festa que morreu. Bem, nos primeiros anos, foi a morte da festa toda. Passar o dia de festa na aldeia era prolongar/agudizar a sua falta, a dor da sua ausência. Este ano, pela primeira vez, voltou a ser 24 de Agosto na aldeia. Um acto de coragem de quem ficou. Lembrando a toda a hora aquele que partiu. Porque em certos momentos aqueles que partem parecem regressar, por todas as memórias que construíram enquanto estiveram connosco.

Abriu a época da caça...

o ar dela, a suspirar, à segunda, depois de uma jornada de domingo à noite, dia de chacina. Lembro-me sempre que falam da época de caça. Sim, eu já disparei uns tiros com uma espingarda de pressão de ar. Ficou-me a doer o ombro, mas até acertava nas latas. Latas. Por que carga de água há homens que se vestem como se fossem para a guerra, agarram na espingarda, põem os cães a dieta rigorosa, e vão dar tiros para o ar? Expliquem-me lá o fascínio pela caça. É que em vez de pombos e lebres, podiam fazer tiro aos pratos, sempre era mais ecológico... Ela queixava-se. Ele chegava ao fim do dia, carregado de bichos que ela tinha que preparar. Bichos cheios de chumbos. Havia que depenar o que tinha penas, tirar a pele aos outros, dar a vizinhas ou encher a arca, porque ele levaria a mal que deitasse fora. Ela odiava. Ele adorava. Sentia-se o verdadeiro Homem, espingarda certeira, trazendo os troféus para casa. Já lá vão uns anos. 

Um bocadinho de terra

Devias ter um bocado de terra. Todos devíamos. Semear. E aprender o valor da espera. Saber que o que ainda não se vê está lá, escondido na terra, em transformação. Cuidar desde o primeiro sinal de vida, à superfície. Tirar as ervas daninhas, proteger dos ataques dos pássaros, regar. Eliminar a palavra "imediato" do vocabulário. Substituir o " eu quero" por " eu espero". Mas um esperar activo, de quem cuida. O meu sogro utilizava uma expressão engraçada. Costumava dizer: " ó Paulinha, venha cá ver esta - podia ser uma planta, ou uma árvore- que eu ando a venerar". E é isso. Venerar. Cuidar, gostar de. Este tempo da urbanidade, do ser tudo para ontem, de se andar sempre a correr e estar sempre atrasado, arrasa com qualquer um. Este tempo não é o nosso tempo. O nosso tempo biológico é o tempo da natureza. Um tempo lento, que obriga a ter tempo para. Cada vez se fala de mais casos de SDA, e de hiperatividade nas crianças. E de uma sensação de insat

Olé... ou não.

Lembro-me que era sábado à noite, o jantar era sopa e uma sandes de bife. Nesse dia foi com sacrifício que o comi, aliás nem sei se o consegui comer todo. Tudo por causa da programação da tarde na televisão. Tourada. Que me desculpem os aficionados, mas é daquelas tradições que me soam a tortura, a sofrimento, matizados por músicas, olés e trajos coloridos. Não percebo como é possível ficar indiferente ao sangue que corre no lombo do touro. Transcende-me. E não me venham cá com histórias sobre a dignidade do touro. Se lhe vão enfiar farpas no lombo, e no final, na arena ou fora dela, tirar-lhe a tosse, a dignidade perde-se toda em inúteis proformes. Evolução, precisa-se.

O novo Dizzy

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Estes dias de férias tiveram um efeito altamente disciplinador no Dizzy. Ele senta-se e espera, não pedincha comida (fica a olhar com ar de quem está a fazer dieta mas fingimos não ver, para não estragar tudo), não salta para os bancos da cozinha, não rói nada, e faz as suas necessidades na rua! Viemos com bons conselhos: menos mimo e mais disciplina, que ele tinha comportamentos de quem abusa. Para já, tudo ok! Obrigada à D. Carla e à sua irmã, do Vale de Pimpearl!

Quê?!?!?! Já acabou?!?!?

Sensação estranha esta de sentir que quinze dias podem voar, mesmo tendo sido vividos e aproveitados da melhor forma possível. Dias dourados e azuis, noites quentes, com passeios à beira mar, e a sensação de que por aqui é sempre festa. Para não variar, a Beatriz teve que fazer uma visita ao médico por estas bandas. Curioso, ela que nunca está doente. Mas nada que não esteja já ultrapassado ( apraz-me aqui dizer que tendo o centro de saúde no cimo da rua, teve que ir a Loulé porque a " consulta de turista" era só depois das 8 da noite, e ainda estávamos de manhã!). Olho para elas e penso que estão cada vez mais crescidas, mais independentes, mais adolescentes, com tudo o que isso quer dizer. Hoje começam as despedidas, o primeiro café da manhã na varanda, a última bola de Berlim na praia, as últimas compras no supermercado ( o pão daqui e as uvas brancas vão deixar saudades), as brincadeiras deles na piscina, a ida ao calçadão à noite, tudo será saboreado de forma mais apurad

Esperança

Esperança era o nome da primeira confeitaria que abriu na rua onde eu cresci. Cheirava a bolos, a pão quente, e deixava toda a gente a salivar só de olhar para a montra repleta de bolos e sentir aquele aroma fantástico e até aí desconhecido. Imagino que fizesse as pessoas andarem mais depressa, para lá chegarem. Hoje ainda existe. Do grande que me parecia, foi-se apequenando consoante eu fui crescendo, já não tem a montra repleta de bolos, se calhar porque agora há muita concorrência, ou as pessoas andam a fazer dieta. Quando as pessoas chegam à Esperança, pedem um café e ficam sentadas como quem espera, a conversar sobre a vida.

Das férias

As férias são intervalos da vida. Tempo de estarmos os quatro, todos os dias, a todas as horas. Da varanda vê-se o mar, da cozinha a piscina onde as miúdas mergulham a toda a hora. À noite passeia-se junto à praia. O ambiente noturno parece de festa, com as lojas, os vendedores de rua, as tererés, os crepes, as pipocas, as caipirinhas ou os gelados gigantescos. Gosto muito do mar. Estar ao sol não é mesmo a minha praia, até por causa dos sinais que se disseminam com uma rapidez que me causa apreensão. Mas vê-los felizes é o suficiente para dar tudo isto por bem empregue...
A participação portuguesa nas olimpíadas lembra-me os romances de Camilo Castelo Branco: gradualmente, todas as personagens vão sendo eliminadas. Com gravidezes e fugas de permeio...

Traições da memória

"Há pessoas que se recordam e outras que se sonham." (Carlos Ruiz Zafón) Esta afirmação dava muito que escrever. Será que é possível recordar, objectivamente, aquilo que se viveu subjectivamente? E quantas vezes se vive uma realidade como quem a sonha, ou seja, perspectivando os factos não como eles são mas como se gostaria que fossem, justificando injustificáveis, desculpando o indesculpável, compreendendo o incompreensível, ou antes, incompreendendo aquilo cuja compreensão inviabiliza a aceitação. Assim, se calhar, todas as pessoas terão, relativamente ao seu passado, recordações reais e recordações sonhadas...