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A mostrar mensagens de novembro, 2012

Parabéns, Bárbara!

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Sempre conheci a Bárbara como uma miúda sensível e criativa. Ao longo destes 4 anos de convivência, vi-a ultrapassar a timidez e a insegurança, e tornar-se uma verdadeira líder. É muito activa, interventiva, entrega-se a causas solidárias e consegue incentivar quem a rodeia a fazer o mesmo. Digamos que a Bárbara não põe limites aos seus sonhos, mas também não fica parada à espera que as coisas aconteçam. E para isto contribuíram as redes sociais. Foi nas redes sociais que eu vi cada vez mais uma Bárbara lutadora, sem receio de falar, que insistia e argumentava em defesa daquilo que eram/ são os seus ideais, ligados à solidariedade, à proteção dos desfavorecidos e dos que, por serem diferentes, são discriminados. No fundo, aquela era a verdadeira Bárbara, que cada vez mais se afirmou também fora das redes sociais, no dia a dia. É essa Bárbara que hoje todos conhecemos. Alguém que dedica grande parte do seu tempo a ajudar os outros, nomeadamente os sem abrigo do Porto, iluminada por um

Casulo

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Há dias em que não nos apetece fazer nada. E é preciso contrariar a vontade da inércia, arregaçar as mangas, fazer das fraquezas forças e dizer ao corpo que não vai vencer e que somos bem capazes de não o ouvir mais até que sussurre "estou cansado mas fizeste um bom trabalho". Há dias em que as coisas não rendem, as palavras saem todas trocadas e as nuvens ameaçam os olhos a cada emoção que surge. E parecemos locomotivas a todo o vapor, feitas baratas tontas, com tantos destinos que é difícil escolher um rumo. E ficamos com mil tarefas começadas, outras tantas por terminar. Há dias que nos asseguram de que é preciso desligar. Time out. Pausa. Stand by. Stand by me. Devolve-me um bocadinho, deixa-me reencontrar-me no que sou pelo que fui e pelo que gostava de ser. Mas por uns minutos. Só. Depois, sair. Ver gente, falar com gente, sentir o pulsar, a vida e a energia das pessoas. Reaprender a estar com.A ouvir os olhares e as palavras. Sair dos teclados, de um virtual que é p

"Na saúde e na doença, até que a morte nos separe"

"Já não mantemos contacto porque eu não queria ser um fardo".Foi assim que ontem a ouvi, referindo-se ao fim do relacionamento com o namorado, relacionamento que esteve na origem do ato tresloucado do pai. Um pai louco, possessivo, que a baleou, e a deixou tetraplégica, a ela que tinha na altura 26 anos, médica a fazer a especialidade de gastro. Disse isto com um sorriso, uma luz que não sei de onde vinha. Pensei que a acreditar em santos, todos deviam ter olhar assim, cheio de brilho mesmo sem haver motivos (para além de estar viva) para isso. Lembrei-me do caso de outra senhora (andaria pelos cinquenta) há uns anos atrás. Diagnosticada com uma doença degenerativa (esclerose múltipla, acho), fez questão de se divorciar porque não queria ser um peso para o marido. Incentivou-o a refazer a sua vida. E ele fez-lhe a vontade. Mas continuava a ser o seu melhor amigo, podia contar com ele sempre que precisasse. E isto era apresentado como mais uma prova do altruísmo e da bondade

Cardiologista precisa-se

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O amor é a mais concreta das abstrações. Indefinível, subjectiva, mas ou está ou não está lá. E isso vê-se. No amor ideal tudo é flores, beijinhos, jantarinhos, prendinhas, palavras fofinhas e manhãs/tardes e noites escaldantes. Mas a vida real traz muitos extras, que voluntária ou involuntariamente acabam por alterar esta redoma de felicidade tornando-a por um lado menos enjoativa (sim, a felicidade melada pode ser muito enjoativa) mas podendo até colocá-la em alerta vermelho. A existência de interesses não comuns é saudável, por exemplo. Mas se estes ganharem cada vez mais espaço aos que são interesses partilhados, o afastamento começa a notar-se. E é fácil que isso aconteça, num mundo onde as profissões e outras solicitações exigem cada vez mais disponibilidade mental, temporal e física. Mas nem é só isso. Digamos que o afastamento pode ter o mesmo efeito devastador que a proximidade exagerada. É que a proximidade pode criar o efeito saturação. A excessiva previsibilidade. O eu-não-

Mais visitas!

Tinha tantas saudades de os ver entrar na sala de aula. E hoje fizeram-me mesmo uma surpresa. Batem a porta, e aparece uma cara conhecida, e entra, e outra cara conhecida, e outra, e outra... Bem, eu já estava de cara à banda, a sentir-me iluminada por aqueles meus queridos amigos, ex alunos, que foram fazer uma visita à escola e não se esqueceram da Prof de História. Gosto muito de vocês! E a próxima visita já está marcada, que os bons exemplos devem ser transmitidos aos mais novos! (Sim, sou uma professora babada, e gosto mesmo muito da minha profissão-vocação e sobretudo daqueles por quem me alistei...os meus alunos.)

Mister

Já me chamaram muitas coisas: professora, profe, stora, storinha, doutora, teacher,mãe (sim, já tive alunos que me chamaram mãe)... Mas hoje houve novidade: pela primeira vez chamaram-me "mister"... Virei treinadora, agora! :)

Bom dia:)

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Diga "ahhhhhhh"

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"Não abra muito a boca, não trinque coisas duras, nada de comer maçãs sem as cortar primeiro... E já sabe que se desencaixar é só ir ao hospital para voltar a pô-lo no sítio. É cedo para operar. Mas já sabe que vai ter dores de cabeça mais frequentes." - consulta de cirurgia maxilo facial há mais de duas décadas. E eis senão quando o ressalto do maxilar dá sinal da sua existência. E comer uma simples bolacha torna-se penoso. Será passageiro? Terei que me dedicar a uma dieta líquida por uns dias? Será que vou precisar de maxilar novo? E deixo de sorrir para a esquerda?!?!

Era uma vez um país...

Recuso-me a ver lados bons nesta austeridade toda. Aliás relativamente a estas últimas medidas, acho que ainda estou em negação, recuso-me a fazer contas, incomoda-me até pensar no assunto. Em modo de avestruz. Truz, truz! Nada. Porém, não nego que vi muitas vezes quem padecesse do desencanto da fartura, sem dar valor a nada, empanturrados, enfartados, aborrecidos, entediados. O ter tira muitas vezes o que o querer tem de bonito. E ao dar-se,por exemplo, aos filhos tudo o que pedem, está a tirar-se- lhes o prazer da conquista. Quantas vezes o brinquedo cobiçado na loja ficou arrumado num canto, uma hora depois de chegar a casa? Quanto desperdício produzido por uma mentalidade consumista dos adultos? Por outro lado continuo a ver quem ache que o estado tem que pagar tudo: os almoços, os livros, o material escolar dos filhos, e se puderem ainda desviam os apoios das crianças para gastos que deviam ser supérfluos mas se tornaram essenciais. Pessoas que trabalharam um ano na vida, e vive

O outro lado

Ontem despertaram-se-me os demónios. E isso inquietou-me. Pensei que me teria tornado melhor pessoa, que tivesse ultrapassado certas coisas que me magoaram no passado. Mas não, pelos vistos elas estão apenas adormecidas, prontas a acordar a qualquer momento. Preferia conseguir fingir que gosto de quem não gosto, mas repugna-me fingir, como me repugna ver a hipocrisia alheia. E depois, chega este texto e dou comigo a pensar que ser humano é mesmo isto. Amar muito, a quem merece. Mas saber separar as águas. E não ter medo de não dizer que não. Que não se gosta. Sem máscaras, nem subterfúgios, nem rodeios. "Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Um filme mais ou menos, um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demónios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu acaso, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um mú

Aldeias

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Na aldeia o ar é mais leve. As pessoas olham quem chega como se esperassem alguém, olham na esperança que sejamos quem esperam e abraçam-nos como se o fossemos. Na aldeia o coração do lar é a lareira que crepita, aquece as conversas e ilumina os sorrisos. Nas aldeias há lágrimas de solidão que se escondem quando alguém chega. E não há transportes, nem escola, nem médico, nem enfermeiro, nem farmácia, nem lojas, nem padre, mas há familia e vizinhos que são como família. Há a carrinha de pão e o carro da fruta e dos legumes, que passam em dias alternados. Como alternados são os estados de espirito.