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A mostrar mensagens de abril, 2015
Estávamos a falar do período da Convenção Francesa. De como o povo foi mobilizado no primeiro momento da revolução, como foi marcante a tomada da Bastilha, e depois, com o voto censitário, como a burguesia subtilmente afasta o povo da revolução. E sai um desabafo em alta voz lá do fundo "Estas coisas deixam-me irritada, stora!" Curioso como nas revoluções o povo dá jeito para fazer número. E como depois surge o medo que o "poder caia na rua". Seja na França de 1791, seja no Portugal de 1974. Seja agora. Sim, E., estas coisas também me deixam irritada.
O que falta aos jovens? Parar. Desligar. Terra, semear, ver nascer, cuidar, esperar. Falta-lhes o silêncio. Os olhares. Falta-lhe a companhia de pessoas. Faltam-lhes pais - porque estes estão cansados do trabalho, ou porque não têm trabalho, porque andam na sua vida, porque não conseguem comunicar, mesmo que para muitos os filhos sejam troféus que ostentam como prova de qualidade da sua maternidad e/paternidade. Mas falta-lhes também a atenção dos avós, companheiros de férias ou daquelas horas sem escola mas ainda de trabalho para os pais. Aqueles avós que param o que estão a fazer e se sentam e ouvem e contam com a sabedoria da idade para conseguir ver a longo prazo e desdramatizar e aceitar com naturalidade o que alguns mais novos condenam . Também faltam aos jovens desafios, para se testarem a si próprios. Falta-lhes a capacidade de acreditar, falta-lhes um país com alma onde os descobrimentos sejam a menor das conquistas porque só o futuro pode realmente ser conquis
Coisas boas da aldeia: lavar roupa no tanque. E bolinhos económicos.
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E foi nesta casica no meio de montes que o bisavô Avelino (avô da avó Sofia) se refugiou durante uns tempos, quando era procurado pelo corregedor por causa de um crime que ainda não sei qual foi mas tenciono averiguar. Depois, conseguiu escapar e embarcar vestido de padre rumo ao Brasil. Quando se apanhou seguro, tirou o disfarce e acenou para o cais. Estava safo. Voltou anos depois, está aqui no cemitério de Água Revés e a sua foto bem demonstra o tempo que passou em terras de Vera Cruz.  
Há um lado de aldeia de que não gosto nada. Hoje, à hora do almoço, começamos a ouvir chiar. Não era ao lado de casa, mas para quem tem ouvido apurado para alguns sons foi o suficiente. Nem o aumento do volume da Tv abafou aqueles ruídos. Pronto, há quem coma leitão na Páscoa. Mas parece-me que se as pessoas ouvissem chiar cada vez que comem carne o número de vegetarianos iria crescer substancialmente.
Cenas da aldeia: - Óó maaaaaaae, anda ver um planeta, deve ser vénus. Lá vou eu à varanda, olho para montes de pontos amarelos e reluzentes. - Vês aquele que brilha mais e não é intermitente? Aceno com a mesma segurança com que sempre o fiz quando me prendia mais pela forma como me falavam das estrelas do que com as ditas cujas. Constelações, planetas, desorientam-me completamente. - Ó mãe, vê-se mesmo que és do outro lado! (Que é como quem diz "és mesmo de letras") - Pois sou.Lá se fosse um poema sobre estrelas e planetas...