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A mostrar mensagens de dezembro, 2015
Infantários e lares acusam-me um aperto no estômago. Podem estar limpos, bem decorados, mas há aquele momento de náusea em que volto a ter 5 anos, olho para o prato e começo a chorar. Uma menina das mais velhas, que olhavam pelos mais novos durante as refeições diz-me que coma antes que fique de castigo. Contrario a vontade. Volta o cheiro, quase 3 décadas depois. Lágrimas, abraços apertados (só mais um, e outro, e outro) à porta do infantário. Até que é mesmo o último. Acabavam-se as lágrimas dela, engolia as minhas. Ao final do dia, o abraço do reencontro e o aperto do costume. E a náusea que me levava  a pôr a bata a lavar  logo que chegava a casa. Mais de dez anos depois, a memória persiste. Em lares, poucas vezes entrei. Mas o cheiro, esse, parece que me persegue. O cheiro a sopa. Misturado com cheiros de lexívia e de detergente. E eu gosto de sopa, mas aquele cheiro angustia-me. Nem infantários, nem lares. O princípio e o fim que se tocam, o tempo que não há, a desumanidade que o