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A mostrar mensagens de março, 2017

Quando eu for grande quero ir à Primavera

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Dezasseis anos depois de o ter trazido para casa, o livro voltou às mãos de quem o escreveu e voltou às minhas com uma dedicatória. Ouvi-lo é de facto estar sempre a aprender. José Pacheco temperou a seriedade do que contava com um bom humor que lhe é intrínseco para quebrar momentos mais pesados. Provocatório, lança afirmações polémicas, e mostra formas diferentes de aprender. Expressões como "núcleo de projeto", "roteiro de aprendizagem", a passagem "círculo- comunidade- rede", "plataformas de aprendizagem", a importância do "vínculo", a necessidade da criação de uma  "responsabilidade coletiva"e da solidariedade. Enfim, muitas pistas ficaram. Da plateia senti dúvidas, necessidades de uma escola diferente, mágoas daqueles que não se revêm num sistema de ensino do século XVIII (para não ir mais longe). De uma escola que avia paginas de manual e carimba na testa dos alunos números, como se eles fossem as notas que tiram... As
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A escola onde trabalho é conhecida na comunicação social por motivos habitualmente menos felizes. E contudo, é com orgulho que digo que trabalho no Cerco. Têm sido anos de desafios, de conquistas, de avanços e recuos, de turmas difíceis que me obrigaram a dar voltas à imaginação para conseguir chegar até eles, de alunos de uma generosidade imensa, de experiências inesquecíveis. De abraços, de lágrimas, de reclamações, de sermões, de cumplicidades, de olhares, de brincadeiras muito sérias. Ensinaram-me a ser como eles, "à cara podre", que é como quem diz, a dizer o que penso. Ensinaram-me que é possível florescer nas condições mais adversas. Que é possível resistir. Espero ter-lhes ensinado que é preciso não desistir de sonhar e de lutar pelos sonhos. E aproveitar o que cada dia nos dá. E lutarmos por sermos um bocadinho melhores todos os dias. Gostava que se lembrassem de mim como alguém que além de lhes ensinar um bocadinho do mundo, os ajudou a serem pessoas melhores.
Ensinar é abrir janelas, é mostrar caminhos, é ajudar nas escolhas sem as impor, é dar sentido, é tirar o tapete das certezas e incentivar a fazer diferente, é perder o medo de tentar, é recusar chavões, é por em causa, é ouvir muito, ouvir sobretudo com os olhos e com o coração. Ensinar não pode ser viver atravancado em programas que não acabam e tornam os professores em coelhos da Alice, sempre atrasados... Ensinar não devia estar nas mãos de professores que têm alunos preferidos (aqueles que tiram boas notas e prometem boas figuras- para eles? para os professores?- nos exames) e marginalizam os "outros" a quem brindam com epítetos que os fariam correr para a escola se os alvos desses mimos fossem os seus filhos. Ensinar só faz sentido se o que se ensina e o como se ensina fizerem sentido. E sobretudo, o para que é que se ensina? Ensinar exige humildade, exige coragem e exige foco no aprender. O aprender de quem aprende e o aprender de quem ensina. Foram nove meses muito in