O rei vai nu
Primeiro
estávamos cansados do cinismo do outro e da sua ausência de diálogo.
Depois vieram caras novas, tão novas que nunca os tínhamos ouvido falar.
Um sobressaía pelo tom monocórdico e silabado, a ritmo de caracol mas
discurso visionário. Via a retoma como quem vê nossa senhora de Fátima, e
nós ficávamos ali, expectantes. Se calhar vale a pena os sacrifícios.
Se calhar ele sabe o que está a fazer.
Pode ser que isto seja acertado, mesmo que as estatísticas e o senso
comum o desmintam. Ele vê mais longe, é melhor, tem o saber no
estrangeiro feito e todos sabemos que o que é Portugal é bom mas o que é
estrangeiro é melhor. ( Já agora, o melhor do melhor é aquilo que é
feito em Portugal mas tem etiqueta estrangeira- o melhor dos dois
mundos... ) E eis senão quando o visionário resolve desaparecer. E
deixa-nos a pensar que afinal o rei ia mesmo nu. O rei ia nu, e os
outros foram perdendo a roupa... (antes fosse do calor)
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