Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2013

Turmas de 40?!?!

Passo a vida a ouvir dizer: no meu tempo havia 40 alunos numa turma e aprendíamos todos. Pois aprendíamos. No meu tempo (e falo do final dos anos 70 e início dos 80) também fazíamos fila em frente da professora, que nos perguntava a tabuada e se falhássemos, reguada. Eu adorava a minha professora- na altura dizia-se professora primária (estes adjectivos lembram-me sempre uma amiga educadora que di zia "não sou "infantil", sou "de infância"), e só me recordo da reguada do 4 vezes oito que confundi com o 4 vezes nove, mas lembro-me de um amigo a correr, a fugir da professora, que era uma senhora mas dessa vez também correu atrás dele, de régua em punho. E sim, éramos quarenta, mas a partir do sexto ano éramos poucos que a maior parte das meninas ia para as fábricas e os rapazes para as obras. Não foi assim há tanto tempo. No tempo das turmas de 40 os pais não diziam aos filhos que a escola não servia para nada. Alguns até incentivavam aos estudo, o...

As avós

Estava para aqui a pensar na avó Graminda. Tantas vezes lhe respondi torto, ou a critiquei por gostar de falar da vida alheia e saber a que horas é que os vizinhos chegavam a casa, por exemplo -sim que nas insónias nocturnas distraia-se na janela e durante o dia estava ao balcão a comprar, vender e conversar- no fundo, era tipo facebook numa versão live. Mas na verdade era também com ela que ao d omingo ia à missa, ou à festa anual dos combonianos, a alguma excursão (aqui menos que eu enjoava e ela também não saia muito). Era ela quem me comprava pacotes de batatas fritas ou o sumol para o domingo (e como era logo uma grade inteira, também matava desejos súbitos a meio da semana), e cozia ossos de suã ou fazia costeletas por minha causa, dado que eu não comia animais que tivesse conhecido ( criavam-se coelhos e galinhas lá em casa. E pombas, rolas, periquitos, melro e canário...e ainda um laguinho com peixes). Foi essa avó que me ofereceu a pasta académica, e que todas...

OBRIGADA PELAS VISITAS!

Imagem

O meu vizinho

Tudo começou com um desmaio, enquanto estava a conduzir. Profissionalmente guiava camiões com cargas perigosas, foi uma sorte não ter acontecido nada de maior. Julgava-se que tinha um tipo de epilepsia, mas acabou por concluir-se que é cancro no cérebro. Não pode ser operado. Tem duas filhas pequenas- a mais velha terá 10 ou 11 anos. Neste momento anda muito devagar, como se estivesse em constante equilíbrio. Não há prognósticos, ou se calhar não os partilha (pelo que sei quando a esperança é reduzida os médicos dão prazos à vida das pessoas como se estivessem a falar de iogurtes... e desculpem-me mas essa história dos prazos mexe comigo, porque no fundo todos temos um prazo, se calhar é preferível não o sabermos e termos apenas a consciência de que ele existe para não desperdiçarmos o tempo que temos.). Falo do meu vizinho da frente. Passei agora por ele, e não conseguia escrever sobre mais nada.
O mais certo é ligarmo-nos aos que nos parecem semelhantes, aos que admiramos, aos que estão de acordo com o que dizemos, aos que nos são familiares mesmo sem os termos conhecido, aos que até contamos coisas privadas (se calhar porque não são conhecidos), aos que partilham as mesmas histórias ou se debatem com os mesmos desafios. Há três anos, a minha página inicial estava recheada de imagens e t extos sobre a felicidade, o amor, a persistência. Depois veio a fase das manifestações, das revoltas (e aqui era curioso aparecerem amigos da esquerda, da direita, do centro e os desalinhados- e às vezes os desalinhados pareciam-me os mais politicamente acertados de todos) e manifs, e greves. E também os grupos solidários, cuja luta diária é tão meritória que devia ter mesmo um destaque maior. Agora, de um momento para o outro são notícias constantes de crianças, jovens e adultos que necessitam de suporte financeiro para fazerem tratamentos contra o cancro no estrangeiro. E as...

E aquilo que nunca sonhei ver da janela de casa:

Imagem
  Campainhas a tocar às 11 não é normal. Tenho um carro a arder por baixo da varanda. Tive que levantar a mais nova para a puxar para a zona da sala. Os airbags já explodiram, os bombeiros ainda não chegaram. As pessoas estão a rua a tirar fotos e a filmar. E é isto.

Força, Diogo!

Imagem

A História do Diogo na 1ª Pessoa

Eu chamo-me Diogo Soares, tenho 15 anos e frequento o 10.ºano, na EBS do Cerco (grande escola!). No verão de 2011, tinha eu 13 anos, jogava futebol ( e era um craque…), comecei a sentir muitas dores no joelho direito. Fiz vários exames, fisioterapia e até choques elétricos: nada resultou! Quando, no dia 1 de agosto, fui a uma consulta, no Hospital São João, descobriram que eu tinha um TUMOR MAL IGNO de 9 cm na tíbia direita. Nesse mesmo mês, fiz diversos exames e, a 15 de agosto, iniciei o primeiro de muitos ciclos de quimioterapia. Meses de hospital, aniversário no hospital, natal no hospital. Eu, Diogo Soares, tinha um cancro e sabia que ia vencer. Tinha o Sarcoma de Ewing. A 26 de janeiro de 2012, fui operado para tirar o tumor, o que implicou retirar 11 cm da tíbia e colocarem-me um fixador externo (ferros na perna até que o osso cresça). Tudo correu “bem”, porque o tumor estava totalmente necrosado, isto é, já não tinha tumor! Parecia que o pior já tinha pas...

O rei vai nu

Primeiro estávamos cansados do cinismo do outro e da sua ausência de diálogo. Depois vieram caras novas, tão novas que nunca os tínhamos ouvido falar. Um sobressaía pelo tom monocórdico e silabado, a ritmo de caracol mas discurso visionário. Via a retoma como quem vê nossa senhora de Fátima, e nós ficávamos ali, expectantes. Se calhar vale a pena os sacrifícios. Se calhar ele sabe o que está a faz er. Pode ser que isto seja acertado, mesmo que as estatísticas e o senso comum o desmintam. Ele vê mais longe, é melhor, tem o saber no estrangeiro feito e todos sabemos que o que é Portugal é bom mas o que é estrangeiro é melhor. ( Já agora, o melhor do melhor é aquilo que é feito em Portugal mas tem etiqueta estrangeira- o melhor dos dois mundos... ) E eis senão quando o visionário resolve desaparecer. E deixa-nos a pensar que afinal o rei ia mesmo nu. O rei ia nu, e os outros foram perdendo a roupa... (antes fosse do calor)

Trabalhos comunitários ou aulas?

A propósito de trabalhos comunitários e afins, há uns anitos largos, em Freamunde, tive uns alunos useiros e vezeiros em riscar as mesas. Eram avisados, apagavam, riscavam, e era isto. Um dia, ainda no inicio da aula, ao fim da tarde, começaram com a mesma história. Resolvi mudar de estratégia, chamei a funcionária e disse-lhe: "estes meninos têm muita vontade de limpar mesas. Não tem por aí uma s ala livre?". Tinha uma mesmo do lado oposto, e como as salas eram envidraçadas, dava para eu ver o que os alunos estavam a fazer. Eles dedicaram-se afanosamente ao trabalho, parando volta e meia para se colarem ao vidro da sua sala e me dizerem adeus. No final da aula entraram sala dentro, mãos esbranquiçadas do efeito sonasol, com ar de felicidade. "Limpamos tudo, stora! Bem limpinho! Até a mesa do professor, que também tinha coisas escritas!" Este comentário foi feito com ar maroto, como quem diz "querem lá ver que os professores também riscam as mes...

Visita de uma ex-aluna agora amiga trajada a rigor!

Imagem

Ui...

Existe alguma associação protectora dos instrumentos musicais? É que o meu vizinho está há uma hora a maltratar um trompete...

Arco de Baúlhe depois de um almoço fantástico no Nariz do Mundo...

Imagem