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A mostrar mensagens de maio, 2015
Contava o meu avô Domingos, nascido em 1914 e frequentador da escola ainda durante a primeira república que a sua professora, quando um aluno não sabia responder e outro sabia, punha este último a dar reguadas ao primeiro. Se desse devagar, para poupar o amigo, levava a seguir. Contava a minha sogra que a sua professora uma ocasião lhe bateu por causa de uns erros num ditado. Como não era seu cos tume dar erros, a professora estava mesmo furiosa e foi tão eficaz que durante uns dias a minha sogra nem sequer se conseguia pentear, tais eram os papos na cabeça. Isto numa manhã, da parte da tarde a professora descobriu que afinal o ditado não era de minha sogra, mas de um primo cuja caligrafia era semelhante (e o apelido igual). Remate da senhora: da próxima vez que a minha sogra errasse, quem levava era o primo. De facto eram outros tempos e outra escola onde a afirmação do poder e a violência andavam de mãos dadas.
Banco da varanda, sol, calções (que apesar do meu estado inflacionado ainda servem!!!!), pernas a ganhar cor (potenciada por restos de autobronzeador do ano passado), cerejas muito razoáveis... Para ser perfeito tinha que eliminar os livros de fichas e de preparação de exames que me fazem companhia mas há que procurar inspiração para os últimos testes do período. Falta o mar, mas não se pode querer tudo, não é?
Semana negra para a adolescência nacional. Um miúdo agredido, outro assassinado. Ao longo de 20 anos, assisti a tantas mudanças no ensino quantos os ministros que passaram pela pasta da educação. Mais horas, menos horas, mais disciplinas ou ACND, menos disciplinas, novos programas, novas metas, taxas de sucesso a todo o custo para ficar bem nas estatísticas. A par disso, a total descredibilização dos docentes, o crescendo de uma indisciplina que já não é do recreio nem da sala de aula... Lembro-me de dizer a pais dos meus meninos "a indisciplina é muitas vezes um medir forças e o questionar da autoridade. Cuidado, hoje desrespeitam professores, um dia mais tarde farão o mesmo aos pais". E farão o mesmo na sociedade. É a factura, estamos a começar a pagá-la. Não falta o que mudar, se perdermos o medo das estatísticas talvez ganhemos o futuro. Haja vontade e bom senso.