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A mostrar mensagens de outubro, 2012

Das visitas e de outros encontros

E porque de facto hoje está-me a dar para as lamechices, tenho que acrescentar que há têm havido mais reencontros de ex-alunos-agora-(só)- (e este só é tanto)-amigos, "prixemplo" a Ana Raquel, nas aulas uma aluna reservada e recatada, que quando apresentava trabalhos se transformava (tranfigurava é o termo correto) em supercomunicadora, original e cativante, que só tinha um pequenino defeito: a apresentação dela durava a aula toda. Mas com uma vantagem: ninguém dava pelo tempo passar. Natural born teacher. Prometeu-me no meu dia de anos um presente, quando a nota do exame (feito nesse mesmo dia) saísse. Respondi-lhe que o meu presente fora todo o empenho e esforço de quatro anos de trabalho. Mas a verdade é que veio reforçado com um brilhante 18! Fantástica. Geralmente com a Ana Raquel encontro, no autocarro, a Cristiana. A Cristiana é (não consigo escrever foi) uma das alunas mais queridas que conheço. Tudo nela é delicado, do gesto à voz. Trabalhou imenso, e

Visitas

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E não é que hoje encontrei estes dois verdadeiros gentlemen no caminho sala de professores- pavilhão B?!?!?!? Que bom rever-vos! O Tiago Sousa foi ao longo de 4 anos o meu técnico de computadores, quando era preciso ligar o data show ( no tempo em que ainda se tinha que requisitá-lo), descobrir porque é que os filmes não tinham som, não aparecia a legenda, tinha som mas não tinha imagem, lá estava o Tiago em ação... Enfim, nunca vi tanto talento, desembaraço e vontade de ajudar. Há três anos atrás, numa visita de estudo, tentaram assaltar-me. Melhor, meteram mesmo a mão na minha carteira... Quando olho para o lado, vejo o indivíduo a meter algo que me era familiar dentro do casaco e digo: "Eh, isso é meu!" Fosse da minha reação, da falta de prática do assaltante, ou por outro motivo qualquer, ele deixou cair o que me tinha tirado e seguiu caminho. O resto da visita de estudo tive o Tiago a acompanhar-me. Com comentários, em voz de segurança, tipo " alert

Dos que partem...

" Somarmos mortes é apenas uma questão de tempo. Vão-se os que já existiam antes de nós, partem amigos de surpresa e terminamos relações que acreditámos serem eternas. Dentro do que somos passa a existir um espaço feito de boas memórias e estilhaços, lágrimas e sorrisos tornam-se irmãos perfeitos. Fora de nós não é mais fácil – muitos lugares continuam habitados por quem perdemos, a cidade é um campo minado. Sítios onde fomos felizes com os que amámos, onde caminhámos com os nossos pais, avós, amigos. Uma cidade de fantasmas. Trágica e bela." (desviado do mural de Luís Osório) Porque há partidas inevitáveis (é de mim ou a partir de uma certa idade parecem suceder-se muitas mais partidas?) teremos que saber acolher aqueles que chegam...às vezes até promover algumas chegadas. Não que possam substituir os que faltam, mas simplesmente para mitigar a saudade, e sobretudo para não perdermos a capacidade de amar...

Contraiu matrimónio mas...curou-se! :)

Um dos direitos do cidadão romano era o de contrair matrimónio- li na sala de aula. E foi impossível não tropeçar na palavra. Sim, eu sei que este contrair é de contrato. Mas não é estranho que uns contraiam gripes e outros matrimónios? E con tra ir ?!?!? Tra ir ?!?!? Mas então metemo-nos numa coisa que tem o que é suposto ser o seu oposto no próprio nome?!?!? Costumo dizer que o maior culpado dos divórcios é o casamento por amor. No tempo em que os casamentos eram puramente contratos económicos e políticos, o amor existia à parte, fora do contexto do casal, e a extraconjugalidade era aceite como natural. Casava-se por interesse, amava-se por amor. Ou por outros interesses. O leito conjugal era destinado à função reprodutora, e era assim mesmo. As descrições dos encontros entre o rei e a raínha do Memorial do Convento de Saramago não são imaginação do autor, era mesmo assim...Agora, casa-se por amor. Pelo menos quero acreditar que sim.Mas se cada vez mais se casa menos, ta

Livros que vêm para ficar

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A verdade é essa. Não consigo dar livros que gostei de ler, porque me pode apetecer relê-los, outros guardo porque se calhar ainda não chegou o tempo certo para os (re) ler, ou então pela dedicatória de quem mos ofereceu, ou porque me lembram locais onde estava quando os li... Um horror. Os meus livros são assinados e datados com o ano de compra. Às vezes dou comigo a pensar que não há estante para tanto livro, muitos deles "estacionados em segunda fila", mas estão adotados e aqui ficam. Noutro dia olhei para a estante dos favoritos e dei comigo a pensar como seria interessante ver os seus autores em amena cavaqueira: Mia Couto, Pepetela, Valter Hugo Mãe, Susanna Tamaro, Albert Camus,  Carlos Ruiz Zafon, Rui Zinc, Pedro Paixão, Isabel Allende... Era uma festa! :)

Perguntas

Mãe, há vida depois da morte? E antes de nós nascermos, daquilo da sementinha, estávamos mortos? ( ui...) Logo a seguir: quando é que eu tenho idade para fazer aquilo da doçura ou travessura? Ui outra vez. E aquela macaca que começou a andar e se transformou em humana, como foi, mãe? Era a macaca Marta? (Não, filha, essa é do Noddy! Era a Lucy, e não era macaca, é um hominideo, antepassado dos humanos...) Ui,ui.ui... 

Quando o desemprego ganha rostos deixa de ser estatística

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A palavra desemprego mexe-me com os nervos. Porque sei o que isso é na primeira pessoa do singular, e na versão conjugal da coisa. E mesmo que possa dizer que neste último caso foram "só" seis meses (nem chegou a tanto), em que as filhas puderam ter um pai a tempo inteiro,em que o meu sogro teve um filho sempre disponível naqueles que foram os seus últimos dias, em que eu tive alguém com quem almoçar, que me levava e trazia da escola, apesar de nunca o ter visto esmorecer, entre as reivindicações (que as coisas não foram pacíficas) que meteram reuniões como os colegas, idas e vindas a/de Lisboa, as aulas de um curso que começara a frequentar nesse ano letivo, as entrevistas e os envios de curriculos, as idas à junta com aquela capinha das folhas com imagens verdes... Por isso, acho que fazer descontos ao subsídio de desemprego é brincar. Como é brincar não atribuir subsídio a um dos conjuges só porque o outro está empregado e ganha alguma coisa. Afinal de contas descontou,

A Rita que afinal não era Rita

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A Rita veio para cá para casa porque achávamos que não dava para ter um cão, e os peixes interagiam pouco e resistiam ainda menos, mesmo num aquário com água a borbulhar, gotinhas para isto e para aquilo, e conversas do lado de cá do vidro (alguns peixes até se suicidavam, aquário fora. Deviam pensar que eram peixes voadores, e não simples cometas). Bem, no início de Dezembro veio a Rita, quando supostamente só deveria chegar no Natal. Fomos comprá-la à vinda de uma cerimónia fúnebre de um meu colega, lá da escola, que falecera inesperadamente. (Mencionar este facto não é à toa. Quando há partidas assim, é inevitável pensar que mais vale não adiar certas coisas, se as mesmas são possíveis e darão a felicidade aos que amamos.) A Rita era castanha, vivaça, esperta. Quando alguém entrava na sala a comer maçã, logo ela se perfilava à espera que lhe tocasse um bocadinho, que comia segurando com as duas patitas. Algures entre o Natal e o ano novo, chegou cá a casa mais uma caixinha: a

RIP

A morte e a vida morrem e sob a sua eternidade fica só a memória do esquecimento de tudo; também o silêncio de aquele que fala se calará. Quem fala de estas coisas e de falar de elas foge para o puro esquecimento fora da cabeça e de si. O que existe falta sob a eternidade; saber é esquecer, e esta é a sabedoria e o esquecimento. Do livro "Aquele que Quer Morrer"
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Imagina que acordavas em branco. Sem saber quem és, de quem és, o que fazes ou as ideias que defendes. Quais seriam as tuas escolhas? Viverias com quem vives? Como vives? Terias a mesma profissão? Ficarias no mesmo país? Quantas vezes as recordações não passam de meros paliativos para o presente? E os projectos? São sonhos, utopias... Ou fugas? E tu, onde estás tu, enredado numa teia que criaste ou criaram à tua volta? Até que ponto o que te suporta é o que te retém? Até que ponto o que és te impede de seres tu?

Cultura em Liberdade

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A cultura saiu à rua. Dorida, magoada, maltratada, digna! Antigamente, muito antigamente, a cultura era uma coisa de elites. De poucos, para ainda menos. Um bem supérfluo, portanto, na medida em que na sua ausência ninguém lhe sentia a falta. Com o tempo, as coisas mudaram. Estávamos já a entrar numa sociedade que ía a eventos culturais porque os tinha disponíveis, uns até de forma gratuita. Neste momento, mata-se tudo o que foram os avanços das últimas décadas: na saúde, na educação, na segurança social, e claro, na cultura, vista como uma filha de um deus menor. Perder tudo isto é regressar à barbárie, tentar sair da crise sacrificando um país inteiro é absolutamente aberrante. E digamos que, como dizia o poeta, se não sabemos por onde vamos, definitivamente não vamos por aí! Foto de José Luis
Cheguei a casa e encontrei filha e cão saudosos, cheios de abracinhos ( ela) e saltinhos (ele). Mostrei-lhe a gravação da chegada dos manifestantes, com bombos e testos e travessas, e as poucas fotos que tirei. Entretanto andava atrás de mim, com o rolo de cartão do papel de cozinha a fazer de megafone, dizendo palavras de ordem. Pousou-o, enquanto conversávamos. - Não vais deixar aí o rolo, pois não? - perguntei-lhe ao sairmos do quarto. - Claro que não! Este é o meu "coisinho da austeridade"! - respondeu prontamente. ( Boa, Sofia!)
6.30. Visto-me com a roupa de levar o cão à rua a esta hora, que é sempre a mesma: camisola polar, calças de fato de treino. Aparece a mais nova e pergunta: Hoje é sábado? Perante a minha resposta afirmativa, regressa ao vale de lençóis, sorriso nos olhos, a dizer: Que bom! Que bom! Que bom! É a alegria do alívio, de poder acordar mais tarde, sem as pressas do costume... Bom Sábado! Com manifs e barulho de tachos, não se esqueçam! :)

Entre o dizer e o fazer

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Sempre gostei de escrever. A par do sono e do sonho, é o melhor meio que encontro para organizar as ideias e, mais do que isso, para me conhecer melhor. O que começou por ser terapia, acabou por se tornar numa necessidade primária, numa forma de me sentir realizada, de manifestar inconformismos ou de encontrar a paz. Contudo, questiono-me se o meu mal não será esse mesmo. Gostar tanto da palavra que acabe por me ficar por ela. Menos palavras, mais ação. Escrevem. Escrevem.Escrevem. Escrevo. E sei que faço alguma coisa, que a consciência devia estar tranquila para aquele que dá o melhor de si, dadas as suas circunstâncias. Mas olho à volta e há sempre tanto por fazer.
E depois há dias assim. Em que levamos com uma overdose de vidas reais daqueles com quem convivemos. E damos connosco a pensar que apesar de tudo eles estão ali, meio perdidos a esbracejar para conseguirem ficar à tona numa tempestade que lhes caiu em cima. A queremos ajudar, mas sem saber bem como. Recusando atalhar o pensamento com um confortável: é a vida. Há vidas que ninguém merece!
Eles levam-nos tudo, cada vez mais aos que trabalham. Que são cada vez menos. Continuo a não ver NADA em relação ao relançamento da economia. Nem sectores chave, nem medidas reais de combate ao desemprego, nem nada. A nossa principal export ação é o ... ouro?!?!? Mas de onde vem?!?! Já se fala em legalizar a prostituição. Para a taxar, naturalmente. De uma forma ou outra, está tudo no mesmo ramo. Já agora, porque não a droga? Assim como assim eram mais uns cobres. Faltam meios na saúde, 10 horas de espera numa urgência, faltam professores no ensino com centenas nas listas à espera de colocação. O desemprego é, com serenidade e desfaçatez, " revisto em alta". Como se dissessem "vem aí uma tempestade, uns morrem e os que sobreviverem que se aguentem e paguem, paguem, paguem, que têm que nos sustentar a todos". Tinham-nos avisado. "Emigrem", não foi?
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Acho que acordei possuída pelos espíritos de Brites de Almeida e de Catarina Eufémia... Já agarrei na pá, venham os Carrajolas.
Gosto de pessoas iluminadas. Daquelas em quem à partida nem reparamos, mas que ao fim de uns minutos de conversa nos conquistam com a sua alegria, a boa energia ou a personalidade original. Gosto de bom humor, de ironia refinada, de quem sabe brincar com as palavras. Gosto de pessoas desajeitadas, que dão vontade de abraçar, de fazer festas, de proteger. Gosto de pessoas que gostam de comida, de animais e de outras pessoas. Gosto de ir no metro a olhar para as outras pessoas e imaginar vidas para elas, como se todas fossem personagens do Grande Livro. Gosto de pessoas que gostam de cozinhar e de comer, gosto de ter receitas novas para experimentar. Gosto de dióspiros com canela, de castanhas assadas com lume a sério, de cerejas, de pão com fatias de manteiga, de pastéis de Tentúgal e de clarinhas de Fão. Gosto de cheiros e identifico pessoas ou momentos com perfumes. Às vezes não me lembro do nome de antigos alunos mas recordo-me da sua caligrafia. Gosto do ruído do chá quando se coloc
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Nem é (só) por questões de economia, Mas braille e língua gestual deveriam ser opções leccionadas nas escolas. Naturalmente que não são. Por questões de... Economia.
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:)

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Já nem sei qual foi o motivo. Mas sei que me ri, e ouço do fundo da sala: " olha, a stora tem um sorriso mesmo bonito". E pronto. Diz quem sabe que até ao Natal não deve haver sorrisos na sala de aula. Mas é mais forte do que eu. Na sala de aula ou fora dela, posso estar séria, ralhar, resmungar, mas também elogiar, incentivar, aprender e rir com os meus alunos. E o comentário só me fez reforçar o sorriso!

Obrigada pela visita!

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O boteco já ultrapassou as 1000 visitas!!!! E eu que nem tenho vindo cá muitas vezes!Obrigada a quem passa por cá, e sobretudo a quem deixa um bocadinho de si ao divagar comigo! (eu sei que isto de imagens a piscar é para lá de kitsch- que é uma forma pseudo chique de dizer piroso, mas foi o que encontrei. E sempre lembra o pinheirinho de Natal, que dentro das coisas que piscam até é bem apreciado!)

As tardes de domingo...

 Eu bem digo que o fim de semana é para a casa e para a família. Mas se não dá para relegar para segundo plano o primeiro factor ( ele é a roupa para passar, a casa para limpar...), já a família bem que se pode queixar um bocadinho. Bem sei que todos temos tarefas a fazer, digamos que uns têm trabalhos de casa, outros corrigem os trabalhos alheios... Foi o caso.Depois de uma tarde a corrigir questões de aula, pequeno périplo pelos blogues da praxe, antes de encalhar na cozinha. Marido claramente melhor. Afinal o olho não ficou à belenenses. Mas parece-me que vai ter de habituar-se ao visual de "barba de três dias" os dias que forem precisos até que a coisa cicatrize. Até lá, é ter cautela. :)

A nós

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Conversas feitas das saudades de nos ver juntas de novo.Felicidade por conhecer a mais pequenina do "gang" : uma princesinha linda, rosadinha, serena- e aquele cheirinho a bebé, o aconchego do colo... As saudades que eu tinha! Fica a certeza de que os nossos caminhos não se cruzaram por acaso! Ainda bem que há dias assim!

Marido em queda!

A meio da corrida, falhou-lhe o pé e estatelou-se no chão. Lábio aberto, rosto pisado, mão, braço, joelho esmurrado. Já deu para preocupar, para brincar com a situação, para rir...A meio do almoço, disse: Havias de ver, tanta gente à minha volta, a perguntar se estava bem, se precisava de ajuda ou se queria ir ao hospital... -A sério?, perguntei eu. -Não... Ninguém se aproximou sequer. E olha que não faltavam pessoas por perto. Não é que me surpreenda. Mas entristece-me.