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A mostrar mensagens de julho, 2015

Destacamentos e outros lamentos

Há uns bons 15 anos tive uma colega destacada por problemas de coluna. Lecionava moral e dados os saltos agulha em que se equilibrava, só podia mesmo estar a fazer penitência, em versão sexy mas sofredora. Tenho colegas que meteram destacamento por questões psiquiátricas. Não conseguiam dar aulas longe mas conseguiam pertinho, e a fazer mestrado ao mesmo tempo. A mente humana é prodigiosa. Eu também não sou santa nenhuma. Quando efetivei longe, fiz o possível para arranjar um a doença. Fui ao ortopedista que me diagnosticou uns joanetes (para mim os pés continuam direitinhos, e já lá vão uns anos valentes), mandou-me fazer uns exames que me trouxeram certidão de saúde,e pronto, assim fiquei. Entretanto, lembrei-me que o motivo que me fazia querer ficar por perto (que era o mesmo que paradoxalmente me fizera concorrer para longe: a minha filha) podia ser argumento para pedir destacamento. Fazia exames mensais, com direito a ecografias e cintilografia (ou seria cintilograma
No próximo ano tenho que sugerir uma formação em agrafar exames para colegas do secretariado. Isto de agrafar em cima do quadrado do transporte obriga o classificador a tirar agrafos, voltar a agrafar...E já agora o MEC bem podia fornecer o quit do classificador: caneta vermelha, lápis e borracha. Não só não nos pagam como ainda por cima nos obrigam a dar o nosso material (isto não me soou lá muito bem...corrigindo) como nos obrigam a utilizar recursos próprios. Até porque alguns alunos pagaram para fazer estes exames. E só o impresso é 1,35. Mais a inscrição. Como mãe, pago. Como professora, não recebo. Há aqui alguma coisa que se perde no caminho.
Temos que criar o movimento pela integração das crianças e jovens no recreio. A escola preocupa-se em demasia com fechar os alunos nas salas, com ou sem aulas (que as substituições são paliativos). Será que os jovens não sabem estar no recreio? O recreio é perigoso? Estar a conversar, a correr, a brincar é assim tão mau? Saudades das horas livres em que havia alunos nos recreios, nas bibliotecas ( as substituições tiveram repercussões tremendas na frequência das bibliotecas- notei quando as ditas começaram. Agora já nem noto. Como tudo, habituamo-nos.), a conversar nos bufetes...  http://observador.pt/especiais/estamos-a-criar-criancas-totos-de-uma-imaturidade-inacreditavel/

Basta encher com gelo e ligar. Ar condicionado económico!

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Vale a pena ler
Os exames não melhoram a aprendizagem mas forçosamente alteram a forma de ensinar e de aprender. Fazer testes "com o formato de exame" (seja o que isso for, já que esse formato passa a vida a ser alterado) melhora o desempenho dos alunos nos exames ou simplesmente piora o seu despenho ao nível da avaliação interna? Porque é que ninguém se questiona sobre por que raio os alunos não aprendem e passam a vida a pensar nos resultados dos exames, que nada mais são do que o produto de um processo carregado de condicionantes? Afinal que escola queremos? Que sucesso é este?  http://www.publico.pt/sociedade/noticia/exames-e-preciso-conhecer-a-escola-1702910
"Diga à sua esposa que já não toma vacinas desde 2007. Não lhe mando mais cartas, a responsabilidade é dela!" Foi este o recado que a Senhora Enfermeira da USF mandou quando a mais nova foi fazer a primeira dose da vacina do HPV. Ele chegou divertido, eu senti-me uma menina (e sabe bem sentir-me menina, nem que seja pela repreensão), fui à procura do Boletim de Vacinas e constatei que só falhei uma vacina mas pelos vistos têm sentido a minha falta.
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  Não sei se foi por causa da obra das mães, se por gosto pessoal, se por incentivo familiar ou até por todos estes motivos mas cresci numa casa onde havia bolo todas as semanas e nos aniversários tudo o que estava na mesa era feito pela minha mãe, às vezes ajudada pela minha tia Rosinha e, com o tempo, acolitada por mim. Há bolos que adquirem quase o cunho de sagrados, exclusividades gastronómicas, e o rolo é um deles, mas hoje resolvi tentar criar cá por casa o rolo "genérico", que é como quem diz, parecido com o original. A melhorar: a técnica de enrolamento (ou então rever as dimensões da forma em que cozeu). Mas não está mal, pois não?
A evolução da mulher na pintura
Diz-se que uma ocasião Van Gogh cortou a própria orelha. Eu limito-me a cortar cabelo. Às vezes o do cão, outras vezes o meu. É coisa pouca, mas também não pinto obras de arte...

Tu

Vales pelo que és, pelo que fazes, pelo que pensas ou pelo que dizes. Os outros valem por si e em si mesmos. Os outros não são os teus troféus, as vitórias deles não são tuas. Do mesmo modo as derrotas dos outros não são tuas, são deles. Compete-lhes aprender com ambas. Não podes viver por interposta pessoa. Não penses que os que não discordam contigo, estão a apoiar-te. Às vezes desistiram apenas de te contrariar porque só os ouves na concordância, como se esperasses que fos sem ecos da tua voz. Não confundas sorrisos forçados com simpatia. Não te surpreendas com as traições nem deixes que estas te roubem a capacidade de acreditar. Deixa que a tua consciência seja o teu único juiz. Não faças fretes. Não tenhas medo de ser sentir, de rir e de chorar. Não te escondas, mas se te apetecer, não te mostres. Dá-te o direito a não fazer porque não te apetece. Deixa-te, quando puderes e enquanto puderes, ser feliz...
Descobrimos, no baixo (que é como na aldeia chamam ao rés-do-chão da casa, onde no nosso caso é a garagem, o armazém, a oficina e outras coisas mais, que o espaço é multifuncional) um balde cheio de azeitonas. Não sabemos quando a avó as terá preparado, mas é como uma prenda surpresa, ali, à nossa espera. Um "olhem que eu ainda consigo surpreender, mesmo estando a ver-vos do outro lado desde janeiro". O Luís diz que são as melhores azeitonas que já comeu, e se lhes reconheço bom sabor, salgado, ácido, numa textura rija, mais sinto o significado que lhes dá. Isto do luto tem tanto que se lhe diga.
Quando a avó morreu era impossível pensar em vender a casa. Os avós continuavam presentes em cada recanto, em cada pormenor. A secretária do avô, com a sua máquina de escrever, os seus registos de quanto gastou na apanha da azeitona ou na descava da vinha, as suas quadras, fotografias, e até (pasme-se) um relatório final das novas oportunidades de alguma vizinha que lhe terá pedido ajuda (que o avô já não estudava nem escrevia no feminino). As ferramentas (ou o que foi restando delas) das carpinteirices com que se entretinha. As bengalas, arrumadas a um canto.E aquela sensação de o ouvir a tossicar. A avó, essa está por toda a casa. O cheiro da casa é, na nossa memória, o cheiro da avó. E é o cheiro da casa-avó que nos abraça, quente, quando entramos. Ficamos com a casa, perdê-la era perder o que restava de duas pessoas tão importantes para nós. Decisão feita com o coração porque há coisas em que não se pode pensar muito.  A casa da avó, agora a nossa casa da aldeia, ganhou novas habi

Coisas que me dizem...

"A stora tenha cuidado com o que diz... É que quando diz que vai acontecer uma coisa, acontece mesmo!" "A Stora podia ir para a política" ( E eu só estava a explicar o mercantilismo...). "A stora é muito emocional". 
Não é o acordo ortográfico que vai prejudicar a cultura nacional ou o nível de literacia geral. Os jovens, na generalidade, não lêem ou, se o fazem, é por obrigatoriedade académica. Os livros ganham pó nas estantes, substituídos pela era digital, pela consulta rápida ou pelo resumo que assim alivia olhos e tempo para redes sociais e afins. E é isso que me aborrece. Quem dera que fosse só o acordo... E já agora, perdemos um dos símbolos da nação (a moeda) há uns anos, soberania é o que se vê, e andamos aqui às voltas com acentos e cês e pês? Sim, senti-lhes a falta há uns seis anos. Habituei-me. E cansa-me este radicalismo da escrita. O importante é a ação. Ou acção. A que não se escreve.
Viviam incentivados a remar muito. Muito tempo, muito esforço, muito sacrifício. Uns remavam para um lado, outros para outro, volta a meio o barco em vez de andar para a frente, andava às voltas, mas o importante era andar sempre a remar. Sempre os mesmos remadores. Uns a ver o quanto os outros remavam. Para remarem com eles, ou contra eles. Volta e meia enchia-se o barco. Remavam os mesmos, mas estatisticamente havia mais a remar. Ventos e tempestades. Sol e acalmia. Remavam sempre. De tempos a tempos chamam-se os remadores e perguntava-se: então por que raio não chegamos a lado nenhum? E eles voltavam aos remos. E cada um, à sua maneira, remava.
As desilusões acontecem quando não se esperam. São a negação da ilusão, o fim dela. Por isso, quando acontece que que esperávamos, mesmo que preferíssemos outra coisa, não temos desilusões. Temos confirmações. Se calhar há quem faça por não se iludir para não se desiludir depois. Eu prefiro aos poucos aprender a escolher as ilusões que que agradam, aquelas por que vale a pena arriscar a tudo. Até a desilusão!
O olhar dos bebés é puro porque vive do que vê e do que sente. O olhar do bebé não finge nem disfarça, é um olhar que entra em nós e nos questiona. E mais, tem o dom de nos devolver um olhar novo ou renovado sobre tudo aquilo que olhávamos sem ver...