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A mostrar mensagens de julho, 2017

Isso não está em saldo

Em plena época de saldos, é surpreendente o volume de artigos aparentemente estivais que as lojas assinalam como "nova coleção" e me fazem perceber que, a ver pelas roupinhas, vamos ter um outono/inverno muitíssimo quente.Truques!
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Naqueles momentos em que a vida nos assoberba de receios, inseguranças, excessos de futuro ou pesos do passado, torna-se difícil ver as coisas tal como elas são e, ainda mais, para lá do furacão. É nessas alturas que tento respirar fundo, perspectivar e, em última instância, lembrar-me que isto é uma passagem demasiadamente curta para perder tempo com miudezas. Quase sempre, resulta... 

Nesse tempo é que era bom!

Paragem do autocarro. Expansiva, expressiva e cheia de vontade de falar, que é uma coisa bem distinta de conversar. Criticou o mundo de hoje, e sentenciou com solenidade: "eu tenho 51 anos e tenho saudades do tempo antes do 25 de abril, quando as pessoas eram honestas e sérias".  Eu devia ter-lhe perguntado que idade tinha quando se deu o 25 de abril. Não o fiz porque as contas foram automáticas na minha cabeça. Com 8 anos, que memórias desse tempo glorioso teria?  Ela continuava: agora os homens batem nas mulheres, e alguns até as matam, basta ver na televisão. As mulheres são escravas dos homens. E dantes não havia nada disto.  Lá tive que dizer alguma coisa. De lembrar que a mentalidade tradicional machista já vinha de longe, que a violência doméstica de que falava às vezes vinha do que se vira em casa (quantas vezes comportamentos criticados acabam por ser depois imitados? )... E acabei por dizer que nesse tempo de Salazar a pobreza era muita...  Mudou o rumo à conversa,
Quando a conheci, dividia as pessoas em dois tipos: as que lhe interessavam e as outras. Com as primeiras gastava cordialidades e simpatias. As outras eram tratadas com desdém ou simplesmente ignoradas. Chegavam-lhe as que lhe interessavam para forjar uma vida social que lhe agradava e ia ao encontro de um estatuto que ambicionara desde sempre. Nem sempre possuía desafogo financeiro para acompanhar os que lhe interessavam, mas ao saber escolhê-los, acabava por beneficiar de algumas boleias . O tempo passou, e com ele a realidade foi-se transformando. Uns afastaram-se, outros passaram a vê-la de outra forma, sentiu que era, aos olhos dos que lhe interessavam, a que não interessava. Teve que rever estratégias, passar a interessar-se por quem nunca lhe interessara. Deu consigo a mendigar amizades que se traduzissem em mais do que likes das redes sociais, acabou por cobrar atenção daqueles que lhe davam menos do que achava que merecia, lembrando-lhes do que, há décadas, fizera por elas. C

Desabafos

Ser gorda é uma seca. O calor sente-se como se estivéssemos no deserto, o corpo custa a mexer, a respiração ganha silvos a chamar a asma, passamos a ser fofinhas mas no fundo, olhamos para o espelho e questionamo-nos: quem é esta? Voltar a ser gorda depois de ter deixado de o ser ainda é pior. É a roupa que deixa de servir, o corpo que não se reconhece, a oscilação entre o "só-janto-sopa-nos-próximos-seis-meses" e o perdido por cem perdido por mil do "ora-come-tudo-o-que-te-apetecer-que-amanhã-fazes-dieta". E amanhã é sempre amanhã. Pois. Não adiantam desculpas, que a vida volta e meia nos deixa em banho maria, hibernados de nós e do mundo, mesmo que o mundo nem sequer tenha reparado. Acordamos um dia, vemo-nos de novo e a vontade é quase voltar a hibernar. Pior, mesmo cessando o que nos fez crescer lateralmente, os efeitos inflacionistas permanecem. Já lá vão oito anos quando resolvi que tinha que perder os extras. Em seis meses, foi-se 1/4 de mim,  só com alim

Mulheres ao poder- todas?

Sempre defendi a igualdade das mulheres, e a chegada de cada vez mais mulheres à política (que há meia dúzia de anos era incomum, e muitas vezes forçada por cotas) sempre deixou antever uma mudança definitiva de paradigmas. Eis senão quando aparece uma senhora na política que cada vez que abre a boca, seja para defender os amarelos do ensino, seja para fazer exigências ao líder máximo da nação,  seja para uma série de outras intervenções infelizes, faz crescer dentro de mim uma vontade enorme que me embaraça: a de a mandar ir para casa, cuidar dos filhos, dedicar-se à culinária, enfim, baixar a crista e aprender mais da vida.. Pensamentos machistas,- diz-me a consciência. -Não tens vergonha? Tenho, ou antes, tinha. Porque com o passar do tempo começo a perceber que afinal o meu pensamento deu um passo em frente, e permitiu-me perceber que é a incompetência dela que me incomoda. E isso, não tem género. E apoiar incompetentes só por serem mulheres está errado. É tão grave como vetar-lh