A Rita que afinal não era Rita

A Rita veio para cá para casa porque achávamos que não dava para ter um cão, e os peixes interagiam pouco e resistiam ainda menos, mesmo num aquário com água a borbulhar, gotinhas para isto e para aquilo, e conversas do lado de cá do vidro (alguns peixes até se suicidavam, aquário fora. Deviam pensar que eram peixes voadores, e não simples cometas).
Bem, no início de Dezembro veio a Rita, quando supostamente só deveria chegar no Natal. Fomos comprá-la à vinda de uma cerimónia fúnebre de um meu colega, lá da escola, que falecera inesperadamente. (Mencionar este facto não é à toa. Quando há partidas assim, é inevitável pensar que mais vale não adiar certas coisas, se as mesmas são possíveis e darão a felicidade aos que amamos.)
A Rita era castanha, vivaça, esperta. Quando alguém entrava na sala a comer maçã, logo ela se perfilava à espera que lhe tocasse um bocadinho, que comia segurando com as duas patitas.
Algures entre o Natal e o ano novo, chegou cá a casa mais uma caixinha: a Rita estava "muito só" (palavras do pater familias), precisava de companhia. E não ganhou uma, mas duas companhias, duas maninhas da sua espécie, para poderem roer em conjunto. A Estrela e a Lua.
Pouco mais de um mês e meio depois, era manhã cedo quando ouço a Sofia gritar: "ó Mãe, alguém teve filhinhos!!!!"
Corremos até à casota. E de facto vimos o que parecia um amendoim com olhos fechados, a sair de uma das casinhas. Era verdade. Fui a cogitar para a escola. Talvez uma das fêmeas já estivesse grávida antes de vir lá para casa. Logo que pude consultei o google. E percebi que aquilo já era obra lá de casa. De repente, fez-se luz. A Rita não era Rita: era Rito!!!!
(foto retirada da net)
A partir daí, foi uma confusão. A outra fêmea também deu à luz uns filhotes, a primeira começou a atacar os dela, quando nasceram os novos, e de um momento para o outro em vez de uma casota para hamsters, passamos a ter três: uma para a ex-Rita-que-passou-a-ser-Rito, outra para as fêmeas, e outra para os filhotes. E ainda deu para oferecer hamsters a amigas da mãe, das filhas, e até a alunos. E à loja de animais também.
Aos poucos, foram-se reduzindo os ratitos. Até porque a esperança de vida deles não é muito longa. E terminou a nossa experiência como tratadores de hamsters. 
Tudo porque achavamos que não dava para ter um cão. E por isso tivemos peixes, e mais peixes, e hamsters, e mais hamsters. E agora, temos um cão. Ele há coisas!!!

Comentários

  1. Podia ser tudo tão simples, se seguíssemos o primeiro impulso. O cão era a melhor opção (mas não sabias). Estava escrito (era o destino) teres um cão...

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  2. Pois estava. Mas antes vieram os peixes, e os ratos... Bem, digamos que o cão veio no tempo certo! :)

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