Há pessoas assim...

Era assim, absolutamente incapaz de sentir. Sobrevoava a realidade, ouvia queixumes e provocava lágrimas ou sorrisos. Mas era incapaz de chorar, de sorrir, de sentir. Tinha a proximidade daqueles que porque tão distantes suscitavam desabafos e emanavam confiança. Inexpressiva, ouvia e falava como se nada a surpreendesse ou chocasse.  Vivia narcotizada pela ausência de si própria. Essa capacidade dava-lhe um poder imenso. Conseguia manipular os outros como um cirurgião manejando a palavra bisturi de forma oportuna e certeira. Alguns admiravam-na imensamente. Outros temiam-na. E finalmente, poucos, muito poucos, ficavam surpreendidos com a forma como conjugava uma genialidade transbordante e um deserto afetivo asfixiante.

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