Na Drogaria Pena

Naquele tempo a caixa registadora era um papel cinzento, um lápis e uma gaveta. E eu passava parte dos meus tempos livres a "ajudar" na loja. Sarrabiscava umas coisas, aprendia os números... E volta e meia, lá vinha a boquinha de algum freguês : " a sua neta é da esquerda"- clara referência à mão com que escrevia, e ainda escrevo. E logo o meu avô retorquía secamente : "É da esquerda, mas não é comunista". A liberdade estava fresca, o papão comunista ainda parecia espreitar. Só a minha curiosidade crescia. O que é que eu não era? Porquê?...

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