Depois de, com o meu último post, receber já tantas e tão carinhosas mensagens daqueles que fizeram caminho comigo naquela que também é escola do meu coração, o Cerco, dei comigo a somar recordações em catadupa. Começando pelo início, mentiria se dissesse que não tive receio. Ou que foi muito fácil e tranquilo. Estava num TEIP que por algum motivo o era. Entrar com 11 turmas foi logo um desafio. Só não tinha duas turmas de 9º, todo o 3º ciclo estava comigo. Vantagens: adquiri um vasto conhecimento dos alunos, e pude conhecer a escola antes do choque com os Cursos de Educação e Formação- que não eram desafio menor. Isso e começar a desejar um bom fim-de-semana às 10 horas de segunda-feira (ter as turmas uma vez por semana tem destas coisas). No ano seguinte, quando comecei a trabalhar também com CEFs, parte dos alunos já me conheciam de outro contexto, o que facilitou bastante. Houve turmas muito complicadas, houve momentos em que me pareceu viver numa realidade paralela. Mas apren...
O primeiro ano em que dei aulas foi o ano em que os alunos deixaram de reprovar por faltas. Por outras palavras, deixou de haver aquela questão das faltas disciplinares servirem para reprovar. O que contribuiu para aumentar a indisciplina e as faltas de respeito para com professores, no dizer de alguns colegas. Aquilo era tudo novo para mim, não tinha ponto de comparação. Estivera fora de uma secundária por quatro anos mas a realidade mudara muito, até porque os meus olhos não eram já só os de aluna mas também de professora. As pessoas já se queixavam, mas de facto ainda havia as reduções por idade/ tempo de serviço, horário letivo (só), com menos horas, redução para quem só lecionasse secundário, etc. Naturalmente que estas coisas se destinavam aos colegas com mais tempo de serviço. Podia dizer que para os miniconcursos ficavam as turmas que sobravam, que quem era da casa não queria, mas estaria a ser injusta. Adorei os meus meninos do Pires de Lima, do Rodrigues, do C...
Era assim, absolutamente incapaz de sentir. Sobrevoava a realidade, ouvia queixumes e provocava lágrimas ou sorrisos. Mas era incapaz de chorar, de sorrir, de sentir. Tinha a proximidade daqueles que porque tão distantes suscitavam desabafos e emanavam confiança. Inexpressiva, ouvia e falava como se nada a surpreendesse ou chocasse. Vivia narcotizada pela ausência de si própria. Essa capacidade dava-lhe um poder imenso. Conseguia manipular os outros como um cirurgião manejando a palavra bisturi de forma oportuna e certeira. Alguns admiravam-na imensamente. Outros temiam-na. E finalmente, poucos, muito poucos, ficavam surpreendidos com a forma como conjugava uma genialidade transbordante e um deserto afetivo asfixiante.
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