Não lhes (nos) matem o sorriso

Foto de José Luís
Estou absolutamente fascinada pelo rosto enrugado desta senhora maravilhosa, toda ela luz. Olho-a e penso nas casas que cheiram a alfazema e a aletria, nos lençóis lavados com sabão e secos esticadinhos ao sol (os lençóis na aldeia têm outro cheiro), na lareira acesa, nos abraços de quem passa muito tempo à espera. Penso no tempo medido pelo sino que toca. Nos carros de bois que chiam, guiados por "eh" e "ô"...Revejo o olhar seguro, vivo (guitcho é a palavra certa) de quem passou por muitos carnavais, viu crises e guerras, perdeu pessoas que amava, ganhou novos amores, e aprendeu que tudo se ultrapassa, porque para tudo há solução menos para a morte, que é por si mesma a solução final, por isso não há nada a temer. E lembro outros rostos que estavam um bocadito perdidos no tempo. E quase que me apetece pedir-lhe que conte uma história. É tão linda, essa senhora!

( Uma boa foto é a simbiose feliz de quem é retratado e de quem consegue com mestria exponenciar o seu ser, trazer à superfície a sua verdadeira essência. Por isso, os meus préstimos ao autor desta e de muitas outras fotos que têm sido o mote para muitas das minhas divagarações...)

Comentários

  1. Com o passar do tempo tornei-me mais sensível à terceira idade. Caminha-se para lá... essa geração "rica" de saberes deve ser tomada como referência para as adversidades que se avizinham. Eles que já passaram por muitas turbulências.

    ResponderEliminar
  2. Temos muito a aprender com aqueles que têm mais experiência. Mas sobretudo perder o medo de envelhecer, descobrir que todas as idades encerram uma beleza própria!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Também divagaram:

Mensagens populares deste blogue

As Escolas do Meu Coração- O Cerco do Porto

No meu tempo...