Os meus avós paternos

Esta foto é de 1930. Aquele casal da direita são os meus avós. O meu avô tinha 16 anos na altura, a minha avó menos 4, se não me falha a memória. Viveram sempre juntos, na vida e no trabalho. À frente de uma drogaria herdada do pai, a minha avó recebia encomendas, destinava entregas, comprava, vendia, e nos últimos tempos do negócio não vendia só cal, lixívia, cimento, tintas ou pregos. Vendia as flores, os legumes e a fruta das vizinhas, cujos nomes estavam escritos num papel, numa das prateleiras de um armário, para que o dinheiro feito com a venda dos produtos de cada uma não se confundisse. O meu avô, por sua vez, fazia as entregas no seu camião bedford azul bebé... Numa sociedade onde quem mandava era o homem, quem mandava lá em casa era mesmo... a mulher.  De tal forma que até o nome por que o chamavam ( Sr. Pena, porque da Drogaria Pena), não era dele (o seu último nome era Santos), mas do sogro. E é engraçado como praticamente até ao fim partilhavam ou complementavam-se nas tarefas, desde as faturas passadas mensalmente, àqueles que ficavam a dever ao longo do mês ( um de cada lado da mesa, cada um a fazer a mesma conta, a ver se dava certo), às notícias de jornal lidas em voz alta enquanto a minha avó arrumava a cozinha, até ao regar do quintal, de manhã cedo. Discordavam de quando em vez, que o feitio da minha avó não era fácil. Mas nunca conheci alguém que tivesse uma adoração tão grande pela esposa (com quem casou tinha ela 16 anos) como o meu avô.

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