A propósito de uma conversa aqui em baixo, acerca de revoluções e cravos, lembrei-me que há quem defenda que no nosso país as mudanças de regime foram acontecendo não por brilhantismo dos revolucionários mas por envelhecimento/ falência da situação. A monarquia, transformada em " mornaquia" cai porque era esperado que assim fosse (D. Manuel II considerava-se até um rei sem reino), a ditadura, nas mãos de Caetano, que fora mais continuidade do que evolução sucumbe nas mãos dos militares, numa revolta que ao que parece já era conhecida pela CIA, mas desconhecida (?!?!) pelos líderes nacionais. Bem vistas as coisas, a revolução foi de cravos mas os meses seguintes mais de espinhos do que outra coisa, ameaçaram a paz, foram difíceis e até violentos. Neste momento, falta cumprir muito do que Abril significa. Mas para que isto mude, a maior revolução a fazer nem será a política. Será a da cidadania. Quantas vezes nos demitimos de responsabilidades, sob o argumento de que " é a vida, é sempre assim, não vale a pena, são todos iguais"? Parece-me que as alternativas são poucas, e que a tendência do chicoespertismo nacional não ajuda a ultrapassar as situações. Por natureza, sai uma lei e o português procura automaticamente uma brecha que lhe permita contorná-la. E é na vida como com as leis, em vez de enfrentar, contorna. Sobrevive melhor, mas viver se calhar é mais do que contornar. E decalcar.

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