Por esta hora ainda não tinha chegado, mas já
se anunciava. Eu continuava a achar que não queria epidural ( aliás, eu
dispensava o soro o tudo o que envolvesse agulhas, mas enfim). O pai
preparava-se para assistir a um nascimento pela primeira,
e por isso repartia as suas atenções comigo e com as maquinetas que
mediam a intensidade das contrações e os batimentos cardíacos. A
parteira falava, falava... Estava preocupada, parecia-lhe que a posição
não era muito boa, e que se calhar ter-se-ia que passar a cesariana. Vem
a obstetra. Que não deve haver problema, há muito espaço. Passa um
enfermeiro, pega na minha ficha. " então é professora?". Faço-lhe cara
de " estou a meio de mais uma contração", responde-me " parece-me que
não lhe apetece conversar". Parteira impõe-se: os tempos são outros, já
não tem que sofrer assim. Acedo à epidural. Chegam as anestesistas.
Novinhas, parecem-me alunas! ( a partir de uma certa altura todos
começam a ser novinhos) encomendo-me aos santos. As dores começam a
amainar. Passam as minhas colegas da preparação para o parto, é sexta
feira, dia de visita às instalações. A enfermeira percebe que estou lá,
pergunta se podem espreitar. Tudo bem, respondo! Falo-lhes com o sorriso
que a epidural permite. Os minutos começam a voar, até que finalmente
nasce, rosadinha. O pai corta o cordão. A parteira olha-nos e
pergunta: que é que tem olhos azuis? Respondo-lhe : o meu avô, alguns
tios... Mas eu também tinha quando nasci, e depois mudaram. Afiançou que
os teus, Sofia, não iam mudar. Quatro meses depois já não podia dizer o
mesmo.
Nasceste, Sofia, com cara de Clarinha. Mas não íamos mudar-te o nome que ainda por cima partilhas com a avó paterna.
A saída do hospital precipitada pelo excesso de nascimentos ocorridos
devido à mudança da lua (que levou a um acumular de macas nos corredores
e à necessidade de camas) foi no domingo de manhã. O céu estava lindo,
muito azul. Depois de dois dias dentro do hospital, parecia-me que nunca
tinha visto o sol. Entramos no carro. Tu e a tua irmã atrás, cada uma
na sua cadeirinha. Senti que éramos ainda mais família. 30 de Agosto de
2002. Tu nasceste. Parabéns, Sofia!
Lindo, lindo, lindo! Parabéns, à Sofia e à mãe.
ResponderEliminarMuito obrigada, em nome das duas! :)
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