Um bocadinho de terra

Devias ter um bocado de terra. Todos devíamos. Semear. E aprender o valor da espera. Saber que o que ainda não se vê está lá, escondido na terra, em transformação. Cuidar desde o primeiro sinal de vida, à superfície. Tirar as ervas daninhas, proteger dos ataques dos pássaros, regar. Eliminar a palavra "imediato" do vocabulário. Substituir o " eu quero" por " eu espero". Mas um esperar activo, de quem cuida. O meu sogro utilizava uma expressão engraçada. Costumava dizer: " ó Paulinha, venha cá ver esta - podia ser uma planta, ou uma árvore- que eu ando a venerar". E é isso. Venerar. Cuidar, gostar de. Este tempo da urbanidade, do ser tudo para ontem, de se andar sempre a correr e estar sempre atrasado, arrasa com qualquer um. Este tempo não é o nosso tempo. O nosso tempo biológico é o tempo da natureza. Um tempo lento, que obriga a ter tempo para. Cada vez se fala de mais casos de SDA, e de hiperatividade nas crianças. E de uma sensação de insatisfação generalizada. Um bocadinho de terra. Mexer na terra. Faz falta...

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  2. Paula, deixei aqui um comentário no outro dia, que sem querer, apaguei. Mas creio que teve oportunidade de o ler, ainda assim.

    Quero dizer-lhe ainda que gostei tanto deste post que o partilhei no meu Facebook pessoal. Teve direito a muitos "gosto"!

    ResponderEliminar
  3. Por acaso não consegui ler, mas fico muito contente com o que li agora! Obrigada pela visita e pela partilha!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Também divagaram:

Mensagens populares deste blogue

As Escolas do Meu Coração- O Cerco do Porto

No meu tempo...