Cardiologista precisa-se

O amor é a mais concreta das abstrações. Indefinível, subjectiva, mas ou está ou não está lá. E isso vê-se. No amor ideal tudo é flores, beijinhos, jantarinhos, prendinhas, palavras fofinhas e manhãs/tardes e noites escaldantes. Mas a vida real traz muitos extras, que voluntária ou involuntariamente acabam por alterar esta redoma de felicidade tornando-a por um lado menos enjoativa (sim, a felicidade melada pode ser muito enjoativa) mas podendo até colocá-la em alerta vermelho. A existência de interesses não comuns é saudável, por exemplo. Mas se estes ganharem cada vez mais espaço aos que são interesses partilhados, o afastamento começa a notar-se. E é fácil que isso aconteça, num mundo onde as profissões e outras solicitações exigem cada vez mais disponibilidade mental, temporal e física. Mas nem é só isso. Digamos que o afastamento pode ter o mesmo efeito devastador que a proximidade exagerada. É que a proximidade pode criar o efeito saturação. A excessiva previsibilidade. O eu-não-digo-porque-tu-já-sabes. Que é pior do que o eu-não-digo-porque-estou-noutro-lado. No amor é preciso rentabilizar os momentos em que o vento " sopra doido", e perceber se vale a pena permanecer quando o vento passa a "meras brisas raras". Porque o turbilhão às vezes volta..

Comentários

  1. Alguém, já o disse "o amor tem de ser cultivado com carinho, para que possa florescer". É verdade a construção de "Um Amor" tem de ser a dois; com pequenas coisas, pequenos gestos, e muita compreensão. Assim, se alcançará uma relação sólida, na qual o Amor brilhará e fará com que eles queiram (efetivamente) estarem juntos sempre.
    O mundo atual, por vezes, contribui para a divergência de interesses; há que encontrar o meio termo... É difícil, mas não impossível. O egoísmo é o grande obstáculo a ultrapassar. Não se pode pensar só no "Eu"; tem de ser no "Nós".
    Não se precisa de um cardiologista, precisa-se de atitudes sensatas. O problema é que deixou de haver tempo para a sensatez...

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  2. O "nós" é mesmo um desafio. Sobretudo porque tem que ser um esforço feito a dois. Mas é um esforço que vale a pena! E gosto mesmo muito do que escreves, e da forma como o fazes. Beijinhos, Amiga!

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