Uma noção inovadora de música no parto

Era suposto nascer a 13 de Janeiro, mas antecipou-se. E veio no último dia das férias de Natal.

Entrada no hospital, disse à enfermeira que não queria epidural. Respondeu-me que nem que quisesse, as coisas já estavam muito adiantadas. " O seu marido que vá almoçar, quando vier já nasceu". E depois de 9 meses sem o ver pegar no cigarro, dei com um marido envolto em fumo no corredor, à espera.Disse-lhe que fosse almoçar, e ele foi. Não havia cá maridos a assistir a partos nessa altura, pelo menos não no hospital de S. João.

E lá fui eu para uma sala onde estavam muitas camas, separadas por uma espécie de cortinados/biombos, onde ouviam gritos alheios. E fiquei absolutamente sozinha. Era uma da tarde, supostamente o bebé devia nascer depois da mudança de turno. A enfermeira que me recebera ainda passou por lá, e alertou que eu já vinha "adiantada" (já entrei com a dilatação praticamente feita- 10 dedos...). Mas nada. Foi meia hora longa.

Eis senão quando passou um médico, a falar já no almoço. Parou, olhou para mim, e percebeu que a Beatriz estava quase a nascer. De um momento para o outro fiquei rodeada de pessoas. E iniciou-se um dos momentos mais memoráveis da minha vida.

 Devem chegar os dedos de um mão para contar as mães que em pleno parto resolvem pedir a uma das enfermeiras para cantar qualquer coisa, de forma a conseguirem concentrar-se nos momentos das contracções. Mas foi assim que a Beatriz nasceu. Eu a dizer:- Não pode cantar qualquer coisa???, e a enfermeira a perguntar, surpreendida : Cantar o quê? 

Como  as contrações estavam cada vez mais seguidas,  o que me saiu foi o "atirei o pau ao gato".

E digamos que a Beatriz nasceu antes do gato berrar "miauuuuu".

E foi assim, há 16 anos atrás...