As greves

 Foto: Bom estudo!!!!;)


Os professores continuam a dar aulas, muitos inclusive a fazer revisões extra aulas para ajudarem os alunos a preparar-se para os exames. Os professores continuam nas escolas, alguns das oito da manhã às nove da noite (porque a greve rotativa obriga à permanência na escola). Os alunos conseguem fazer uma ideia das notas que em principio irão ter, e podem perfeitamente estudar com o nervosismo próprio de quem vai fazer um exame. Os professores estão a perder dinheiro e a passar mais tempo na escola do que seria previsto. E vão ter muito mais exames para corrigir. (Acrescente-se que houve um tempo em que a correção era onerada, neste momento não) Os professores fazem greve pela dignidade cada vez mais atacada, pelas condições de trabalho e sobretudo contra a prepotência de quem claramente ainda não percebeu o quão errado está. Por todos os que se reformaram e reformam porque não pactuavam com um sistema injusto. Por todos os que vivem a angústia do "ano seguinte". Por todos os que depois de anos de terra em terra, efectivaram num local e agora, ao 50 anos ou mais, se vêm na contingência de ficar em mobilidade especial. Não há profissão com maior mobilidade do que esta: todos os anos a mudar de escola, quando não se está no mesmo ano numa série delas.Sem ajudas de custo, sem sequer poder meter a fatura de combustível no Irs. Há bons profissionais e maus profissionais, como em todas as áreas, mas nunca vi grupo profissional tão achincalhado, tão atacado. Não pensem que me estou a queixar. Escolhi ser professora e não me arrependo. Estamos habituados a trabalhar para além do horário, a trazer trabalho para casa e a acordar muitas vezes a pensar nos alunos. Por isso merecemos a decência de não virem com histórias de que estamos a prejudicar os alunos. Estamos no ensino pelos alunos, e também é por eles que fazemos greve. E o plural não é majestático.

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