Quando eu era pequenina (melhor, quando era nova, que pequenina ainda sou) aprendia muito com a televisão. Por um lado porque só havia um canal, logo tinha que ver o que desse, dos desenhos animados ( a Heidi, o Marco), à telenovela (a Gabriela reunia toda a família na sala mas não me lembro grande coisa dela- exceto de um personagem que penteava o bigode com um pente que trazia no bolso), ou ao festival da canção. Mas sobretudo via aqueles programas ligados à biologia, à medicina, à etnografia. Os locutores eram pessoas com boa dicção, com presença, apresentar um programa não era fazer palhaçadas ou dizer baboseiras, exigia cultura e preparação . Quando a inteligência e a beleza não andavam a par, privilegiava-se a primeira como critério de escolha.
Hoje em dia as pessoas podem escolher o que querem ver, graças aos canais temáticos. Mas quem se limitar aos 4 canais generalistas, vê-se um bocado aflito. Excluindo o 2, que apesar dos desfalques que tem vindo a sofrer, se vai aguentando, vemos uma reprodução de programas todos com a mesma receita: música pimba, comes e bebes, brejeirices, locutoras aos guinchos ( a SIC matinal da semana passada esteve audível graças à Ana Marques, mas as estridências da apresentadora habitual e o respectivo eco do publico fazem-me temer pela sanidade mental generalizada), tradições, dietas, máquinas da verdade para que a ti Jaquina de quinhentos anos prove ao marido que nunca o enganou, ou a ti Maria demonstre que nunca tirou as pratas à vizinha. Enfim, claro que há oásis dentro de todos os canais e até dentro de alguns programas. E há profissionais que conseguem dignificar os programas mesmo que tenham um cunho popular ( o canal 1 tem casos desses), e fazer toda a diferença. Mas devia haver programas que enriquecessem a vida, em vez de serem uma espécie de paliativo, onde todos se imitam numa estagnação assustadora. Não perceberão que as audiências se podem conquistar pela diferença?

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