
Durante meses cultivei um otimismo militante.
Insisti no copo meio cheio, no humor para combater as intempéries, na fé
para aceitar os contratempos. Ultimamente sinto que se me falham os pós
dos sorrisos. Não se trata de ser menos feliz, simplesmente
ando com menos paciência. Vejo injustiças a toda a hora, não consigo
ser indiferente à quantidade de pessoas que sofrem, às doenças que não
têm cura, ao desemprego que cresce, aos cortes constantes nos salários
de quem trabalha, ao "chicoespertismo" militante, à mentira descarada, à
indiferença, aos colegas por colocar, à forma como se trata a
diferença, aos hospitais sem medicamentos, à ausência de rumo que tudo
isto está a tomar. É isto. E desculpem lá se isto não é sobre a alegria
de acreditar que no futuro tudo será cor de rosa. Aliás prefiro que
assim não seja. Porque a verdade tem outros matizes, e isto não tem que
ser sempre e só fogo de artifício. Já dizia FP, "às vezes é preciso ser
infeliz para se poder ser natural". E nem sequer é infelicidade o que
sinto. É mesmo uma overdose de realidade. De pessoas e de coisas que
desgastam. Há mesmo pessoas que nos acrescentam e outras que nos roubam.
Resta-me esperar pelas mais especiais, as que nos devolvem. A vida é
feita de luz e sombra. Venha a luz. Pode ser já. Ou amanhã.
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