Não sabia o nome dele. Sabia que era muito educado, simpático, com duas filhas ainda pequenas. Falamos algumas vezes. Da última disse-me com entusiasmo que sentia uma força vinda não sabia de onde. E todo ele brilhava, apesar dos gestos acusarem as tremuras de um tumor que lhe crescia no cérebro. Falava sem rodeios do cancro. Dizer o nome do inimigo é mostrar-lhe que não temos medo dele, parece-me. Idas e vindas do hospital. Ontem faleceu. E eu saí de casa a pensar que nem sequer sei o nome dele, que foi meu vizinho durante onze anos. Se fosse meu amigo do facebook sabia, lembrava-me a consciência irónica que volta e meia me atazana. Ao regressar a casa vi no vidro de entrada do prédio a comunicação do falecimento, e respetivas exéquias. Agora já sei o seu nome. Que descanse em paz.

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