A propósito da Páscoa

Gosto do Natal, mas para mim a Páscoa é a essência do cristão. Mais do que o seu nascimento, Jesus destacou-se pela mensagem que transmitiu e que o levou à morte mas também à ressurreição. E aqui começam as contradições: amanhã ouviremos sinos e a mensagem "ressuscitou, aleluia!", ao mesmo tempo que nos dão a beijar uma cruz com Jesus na sua versão humana de mortal. Se calhar é para pensarmos naqueles de quem nos despedimos assim mas relativamente aos quais esperamos a vida eterna. Seja. Preferia uma cruz simples. Adiante. Por cá ainda há a tradição do compasso. Por causa disso a Páscoa há-de cheirar-me sempre à baunilha das amêndoas (que dantes o chocolate era só nos ovos), ao papel tostado do pão de ló e ao feno que à porta dava sinal de querer receber o compasso. No final do dia era esse o cheiro das ruas. Agora, em vez de feno há umas pétalas de rosa, quando as há. E os aromas são outros. Que fique sobretudo aquilo que a Páscoa deve ser: uma hipótese de renascer, de renovar e em vez de perder tempo a pensar na ressurreição ganhá-lo a ressuscitar todos os dias a alegria, a capacidade de acreditar e a capacidade de agir. Ah, e acima de tudo aprender a não julgar os outros, só porque têm pecados diferentes dos nossos. Boa Páscoa!  

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