Oh captain my captain


Foi na penúltima aula do 11º ano. Estavam agitados, pareciam-me agarrados ao telemóvel, meio ventoinhas.Tive que lhes dizer que não os reconhecia, que parecia que tinham regredido no tempo, que havia um programa a cumprir, o último período é pouco mais de um mês por isso tinha que dar aula. Continuei a estranhar, mas pareceram acalmar um pouco. São uma turma muito grande, fruto da junção de duas turmas, e naquela aula o olhar perde-se sala dentro, até à parede do fundo. Entretanto lá terminamos a aula. Arrumem as coisas, chega de História por este período. "Vitória, vitória acabou-se a história" (sim, eu digo umas coisas meio disparatadas). Fez-se um silêncio estranho. Daqueles silêncios que na natureza antecedem as tempestades. De súbito, levantaram-se todos, e quando dei conta estava a olhar para cima. Rodeada por alunos em cima das mesas. E em coro ecoou na sala um "Oh captain my captain" com que me brindaram. A cena de um dos filmes da minha vida, ali. Na que nos últimos 8 anos tem sido a escola da minha vida. O que nunca imaginei que me pudesse acontecer, mas que me deixou de lágrima ao canto do olho. E muito feliz, por mim mas sobretudo por eles, os meus guerreiros como tantas vezes lhes chamo, porque viram o filme na aula de Português e perceberam a mensagem. Subir para a mesa diz muito sobre quem sobe. É sinal de emancipação, de pensar por si, de quebrar as regras institucionais/sociais e assumir as responsabilidades por isso. Socialmente precisávamos muito de "subir para cima das mesas". O que nos falta?

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