Os infanticídios não são um fenómeno do séc. XXI. Bem vistas as coisas, temos até ao séc. XVIII (em alguns casos até mais tarde) uma mortalidade infantil elevadíssima, a que não é alheia a morte provocada voluntariamente ou por negligência, potenciada pelos parcos cuidados de higiene e de saúde. Bebés enfaixados, bebés entregues a amas e criados longe das mães ou deixados na roda. A passagem de bebé a criança era um instante e o trabalho infantil era comummente aceite. A criança era um adulto em ponto pequeno. Em época de casamentos combinados por interesses, o amor conjugal era uma sorte mas o amor materno/ paterno também o era. Quase um descomprometimento afetivo para com os filhos que a qualquer momento morriam. Esta situação foi mudando com o tempo. Vivemos em tempo de direitos. E contudo, pais matam filhos, filhos matam pais, abandonos generalizados, como se à inexistência dos afetos sentidos corresponda uma incapacidade mental de agir como é suposto. Como se explica isto? Já há quem defenda que isso dos pais gostarem da mesma forma de todos os filhos é um mito. Os pais tem preferidos. Mas isso também explica que haja quem veja os filhos com o absoluto desprendimento afetivo? Será que o instinto maternal é, em si, um mito? Será que se perdeu com o processo de racionalização? E já agora, o instinto paternal- porque se ouve falar tão pouco dele?

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