estado.21:01Houve
um ano, na faculdade, em que resolvi que todos os cadernos haviam de
ter, na primeira página, um poema. Este foi um dos escolhidos, não sei
se para o caderno de cultura e mentalidades se para o dos descobrimentos
portugueses. Navegar sem o mapa que faziam. Somos todos navegantes sem
bússola, à procura de um rumo, construindo o nosso mapa. Com avanços e
recuos. Às vezes à bolina, noutras ao sabor
do vento. Entre o conforto da terra e o apelo de outros mares, às vezes
somos os "homens sábios", noutras os marinheiros que vão sempre além.
Aqui fica o poema- dia quatro:
Navegavam sem o mapa que faziam
(Atrás deixando conluios e conversas)
Os homens sábios tinham concluído
Que só podia haver o já sabido:
Para a frente era só o inavegável
Sob o calor de um sol inabitável
Indecifrada escrita de outros astros
No silêncio das zonas nebulosas
Trémula a bússola tacteava espaços
Depois surgiram as costas luminosas
Silêncios e palmares frescor ardente
E o brilho do visível frente a frente.
In: Navegações,1983
Sophia de Mello Breyner Andresen
Aqui fica o poema- dia quatro:
Navegavam sem o mapa que faziam
(Atrás deixando conluios e conversas)
Os homens sábios tinham concluído
Que só podia haver o já sabido:
Para a frente era só o inavegável
Sob o calor de um sol inabitável
Indecifrada escrita de outros astros
No silêncio das zonas nebulosas
Trémula a bússola tacteava espaços
Depois surgiram as costas luminosas
Silêncios e palmares frescor ardente
E o brilho do visível frente a frente.
In: Navegações,1983
Sophia de Mello Breyner Andresen
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