O professor estava de semblante carregado. As notas da primeira frequência tinham sido más, não havia notas acima do 12.
À tarde as ditas foram afixadas eu estava na sala nove ( acho que era nove, aquela sala em forma de L) quando o Carlos chegou à minha beira com ar comprometido e disse ( e agora escrevo como ouvi): Paula, "tivestezoito".
Eu ri-me e respondi : "dezoito?!? Mas o professor disse que não havia mais do que dozes!"
Aí ele repetiu. Oito. A minha única negativa nos quatro anos de curso, a teoria da história, que era aquela disciplina eliminatória, dizia-se - a disciplina que impedia alguns de irem para estágio no ano seguinte.
Claro que fui falar com o professor. Simpático, pegou na minha frequência e foi vendo... A primeira resposta estava bem, a segunda muito bem... Eu sem perceber nada. E atalha o professor " só se falhou na parte prática". Quando chegou aí fez um "ah" e mais não disse. Percebi que a minha negativa vinha daí e do outro professor, vocacionado por natureza para combater insónias resistentes com aulas de leituras documentais monocórdicas e como diriam os alunos de hoje, muito secantes. Adiante. O Professor João Marques era um professor com alma, que entusiasmava, com o seu "conta-me a tua história", e de quem guardo (também) boas recordações. De resto, na frequência seguinte lá consegui subir o suficiente para cobrir o 8 e ficar com 12 de média. Lá veio o estágio.
Descanse em paz, Professor. Do outro lado não faltarão pessoas com histórias que mereçam ser ouvidas.

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