Gosto de pessoas iluminadas. Daquelas em quem à partida nem reparamos, mas que ao fim de uns minutos de conversa nos conquistam com a sua alegria, a boa energia ou a personalidade original. Gosto de bom humor, de ironia refinada, de quem sabe brincar com as palavras. Gosto de pessoas desajeitadas, que dão vontade de abraçar, de fazer festas, de proteger. Gosto de pessoas que gostam de comida, de animais e de outras pessoas. Gosto de ir no metro a olhar para as outras pessoas e imaginar vidas para elas, como se todas fossem personagens do Grande Livro. Gosto de pessoas que gostam de cozinhar e de comer, gosto de ter receitas novas para experimentar. Gosto de dióspiros com canela, de castanhas assadas com lume a sério, de cerejas, de pão com fatias de manteiga, de pastéis de Tentúgal e de clarinhas de Fão. Gosto de cheiros e identifico pessoas ou momentos com perfumes. Às vezes não me lembro do nome de antigos alunos mas recordo-me da sua caligrafia. Gosto do ruído do chá quando se coloca na chávena. Gosto de aprender, sempre. E de ler. Padeço de monogamia literária. Não consigo ler mais do que um livro de cada vez. Não gosto de perder, seja o que for. Apostas, objetos, pessoas, nada. Guardo as coisas indefinidamente.Às vezes dá-me a maluqueira das arrumações e vai tudo a eito, de coração ao largo.Não gosto agulhas nem de nada que leve sangue. Não gosto de wrestling mas já cheguei a ver para conseguir falar com pessoas (alunos) que gostavam. Não conduzo, não nado, nem atravesso com o sinal vermelho. Não gosto de pessoas convencidas, que falam do "cimo da burra". Não gosto de prepotência nem de berros. Irritam-me os que nunca pedem desculpa. E os que o fazem sem o sentirem, como quem diz " leva lá a bicicleta". Gostava de gostar de novelas, de futebol, de saber fazer conversa de circunstância, de saber dizer a palavra certa no momento certo ( e não duas horas depois). Gostava de saber dançar, pintar e tirar fotografias em condições. Gostava que aquilo que penso não fosse tão evidente na minha cara. Gostava que as pessoas se dedicassem mais à construção da sua felicidade. Gostava de nunca sentir que " era feliz e não sabia".

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