Chega o dia em que há que mudar de ares, perder os likes para se ganhar a liberdade de ter voz e ser anónima ao mesmo tempo. Sem confusões, sem pessoas a estudarem-nos o perfil. Adeus Zucas. Olá blogue!
Depois de, com o meu último post, receber já tantas e tão carinhosas mensagens daqueles que fizeram caminho comigo naquela que também é escola do meu coração, o Cerco, dei comigo a somar recordações em catadupa. Começando pelo início, mentiria se dissesse que não tive receio. Ou que foi muito fácil e tranquilo. Estava num TEIP que por algum motivo o era. Entrar com 11 turmas foi logo um desafio. Só não tinha duas turmas de 9º, todo o 3º ciclo estava comigo. Vantagens: adquiri um vasto conhecimento dos alunos, e pude conhecer a escola antes do choque com os Cursos de Educação e Formação- que não eram desafio menor. Isso e começar a desejar um bom fim-de-semana às 10 horas de segunda-feira (ter as turmas uma vez por semana tem destas coisas). No ano seguinte, quando comecei a trabalhar também com CEFs, parte dos alunos já me conheciam de outro contexto, o que facilitou bastante. Houve turmas muito complicadas, houve momentos em que me pareceu viver numa realidade paralela. Mas apren...
Era assim, absolutamente incapaz de sentir. Sobrevoava a realidade, ouvia queixumes e provocava lágrimas ou sorrisos. Mas era incapaz de chorar, de sorrir, de sentir. Tinha a proximidade daqueles que porque tão distantes suscitavam desabafos e emanavam confiança. Inexpressiva, ouvia e falava como se nada a surpreendesse ou chocasse. Vivia narcotizada pela ausência de si própria. Essa capacidade dava-lhe um poder imenso. Conseguia manipular os outros como um cirurgião manejando a palavra bisturi de forma oportuna e certeira. Alguns admiravam-na imensamente. Outros temiam-na. E finalmente, poucos, muito poucos, ficavam surpreendidos com a forma como conjugava uma genialidade transbordante e um deserto afetivo asfixiante.
Meus queridos alunos Ao longo de todos os dias, mais do que ensinar-vos acontecimentos, sempre desejei dar-vos ferramentas para que pudessem pensar. Pensar o passado, compreender o mundo. E mais que isso, que aprendessem a agir. A serem a personagem principal na vossa História e ativos construtores da história comum. Nestes dias tão difíceis vivemos numa alienação estranha em relação à realidade. Como se não houvesse tempo a perder. E todos os professores trataram de enviar trabalhos, criar experiências on-line, criar grupos, múltiplas plataformas. Não estavam de férias, e tiveram que o provar assim. Quem colocou reticências era apelidado de pouco profissional, ou "preguiçoso". Não estavam de férias. Pois não. Estamos em estado de emergência. E penso que haverá professores a pensar que irão ganhar uma medalha de "ôro" por obrigarem toda a gente a trabalhar arduamente durante um estado de emergência. E se calhar até vão. Afinal, é mais comum receberem medalhas os...
Claro que há.
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