Primeiro sente-se esperança, pensa-se positivo, acredita-se que será por pouco tempo. Alega-se que quando se fecha uma porta, abre-se uma janela. Depois trabalha-se muito, faz-se por aparecer, por manter contactos, por procurar novas vias porque as oportunidades constroem-se. Tem-se saudades dos colegas, dos amigos, das rotinas, do telefone sempre a tocar. É como um divórcio involuntário, quer-se saber como as coisas estão com o outro lado, sentindo-se de antemão que tudo o que se vai ouvir saberá a descontentamento, a um "estar à margem". Luta-se muito para se manter a sanidade. Faz-se exercício, cuida-se da alimentação, ocupa-se o tempo a fazer de motorista, ao volante ou no ipad, aspira-se a casa muitas vezes, leva-se o cão à rua. O desemprego não é uma corrida de cem metros. O desemprego é uma maratona. Uma maratona de currículos enviados, de entrevistas que acendem esperanças, de recusas que chegam, de respostas que ficam por dar. Um somatório de "ficará para uma próxima oportunidade". Muitas vezes. É uma lição a toda a hora. Distinguem-se os amigos corajosos dos que têm medo de falar. Aprende-se que por vezes a preocupação não passa de estratégia para ouvir desabafos. E às vezes até se é surpreendido por boatos que se inventam para justificar situações que não tinham justificação, como ter ficado desempregado. Finge-se diante dos outros que está tudo bem. Vive-se diante dos outros como se nada se tivesse alterado. Teme-se sobretudo a pena, a palavra de circunstância de quem se esperaria algo mais. Vive-se diante de nós como se tudo estivesse diferente, como se se perdesse tudo num momento só. Até a própria identidade. Começam a fazer-se mais contas, a pensar até quando, a rever caminhos, a tentar perceber se o rumo é outro. Há três meses e meio que é isto que se vive por cá. Um dia de cada vez, a pensar é-desta-olha-afinal-não-foi, fica-para-uma-próxima-oportunidade. A esperar que o karma, a existir, faça o seu papel. Venha lá a tal próxima oportunidade.
As Escolas do Meu Coração- O Cerco do Porto
Depois de, com o meu último post, receber já tantas e tão carinhosas mensagens daqueles que fizeram caminho comigo naquela que também é escola do meu coração, o Cerco, dei comigo a somar recordações em catadupa. Começando pelo início, mentiria se dissesse que não tive receio. Ou que foi muito fácil e tranquilo. Estava num TEIP que por algum motivo o era. Entrar com 11 turmas foi logo um desafio. Só não tinha duas turmas de 9º, todo o 3º ciclo estava comigo. Vantagens: adquiri um vasto conhecimento dos alunos, e pude conhecer a escola antes do choque com os Cursos de Educação e Formação- que não eram desafio menor. Isso e começar a desejar um bom fim-de-semana às 10 horas de segunda-feira (ter as turmas uma vez por semana tem destas coisas). No ano seguinte, quando comecei a trabalhar também com CEFs, parte dos alunos já me conheciam de outro contexto, o que facilitou bastante. Houve turmas muito complicadas, houve momentos em que me pareceu viver numa realidade paralela. Mas apren...
Vai chegar, mas enquanto não chega, custa mesmo muito.
ResponderEliminarVai chegar, mas enquanto não chega, custa mesmo muito.
ResponderEliminarSe custa. Se a quem está ao lado custa, que fará a quem o vive na primeira pessoa.
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