No meu tempo de aluna, com três negativas reprovava-se. Todos sabiam com o que contavam. Grande parte dos amigos ficava-se pela escolaridade obrigatória- o 6º ano, antigo 2º ano do ciclo. Os restantes, se continuavam na escola era porque teriam objetivos. A mensagem do "estuda para conseguires um bom emprego" ainda fazia algum sentido nas nossas cabeças. A nossa motivação vinha do interesse suscitado por alguns conteúdos, da atitude de incentivo de alguns professores 
(refira-se que muitos cingiam-se a debitar conteúdos, parecendo preocupar-se pouco com metodologias inovadoras- e aqui os slides eram uma coisa fantástica!), da vontade de tirar boas notas (aqui sobretudo para os alunos habituados a elas) e dos sonhos que tínhamos para o futuro.
Acredito que tem está fora do ensino se surpreenda com o facto de alunos com sete negativas (no ensino, com sete níveis inferiores a três, que os eufemismos tornam a realidade mais suportável) transitarem nos anos intermédios. Como me surpreendeu a primeira vez que num conselho de turma se transitou um aluno com 5 negativas, e depois me chocou ver a passar com 7, e ainda mais me surpreendeu mais ter casos em que eu própria fui a favor (e incentivadora) dessa transição.
Não vejo vantagens nas retenções, mas também me parece errado o atual sistema. Errado por permitir desigualdades, mesmo que estas sirvam para corrigir desigualdades maiores. Em boa verdade, era tempo da lei mudar, e haver uma determinação legal que definisse as condições de transição para todos os anos de escolaridade. Só assim os alunos saberiam com o que contam, tornando-os todos iguais independentemente da escola que frequentam ou do conselho de turma que os avalia.

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