A sensação de incredulidade deu lugar à incapacidade de aceitar uma partida tão inesperada quanto dura e injusta. Foi um roubo descarado, um tirar o tapete, o apagar de alguém que era farol para tantos, que brilhava em tantas áreas, que sabia ouvir, que era a voz dos que a não tinham, que vi mais vezes exaltar-se defendendo direitos alheios do que a defender os próprios. Era daquelas pessoas que fazem falta ao mundo. Com um sentido de estética apurado, um rigor cirúrgico, um ...profissionalismo irrepreensível. Uma capacidade de entrega, sempre disponível para ajudar apesar das mil e uma atividades em que estava envolvido. Ajudar por ajudar, sem cobranças, como fazem os Homens bons. E ele será sempre recordado como um Homem Bom. Era uma árvore que cresceu com muitos braços, e todos os braços vingaram viçosos e deram flores e frutos diferentes mas igualmente belos. Semeava afetos. Embelezou muitos momentos e muitas casas com as suas obras de arte. Tinha sempre uma palavra para os outros. Sincero, afetuoso, honesto. Até agora não consegui escrever sobre a sua morte. Gostava de escrever "partida", mas a sensação tem a dureza da palavra. Morte. Numa das suas últimas publicações aqui no face, de 25 de junho, escrevia que nunca abandonaria os seus amores. Está por aqui, no meu mural. E não abandonaria, se não fosse obrigado a partir. Não abandonaria nenhum dos seus Amores. Disse-lhe muitas vezes que nos ia fazer muita falta (pensando que a ausência seria por um ano). Não imagino entrar na sala de professores e não o ver. Se cada um de nós pudesse dar-lhe uma hora da nossa vida, ficaria por este mundo para aí uns quinhentos anos (ou mais). Mas Deus não entra em negócios destes. Se calhar precisava de umas estrelas em origami para tornar o céu mais bonito. E não podia escolher melhor pessoa para as fazer... Até sempre, Manuel.

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