Tenho acompanhado o masterchef júnior, embora passe a vida a arrepiar-me e a fechar os olhos quando vejo os miúdos de faca na mão e fique com imensa vontade de entrar pelo écran e dar um abraço cada vez que um concorrente desaba em lágrimas. Um dos miúdos que saiu, o Gonçalo, foi alvo de críticas violentas por ser um miúdo arrogante, convencido, que se colocava sempre em primeiro lugar e que chegou a dar indicações erradas a outro concorrente com clara intenção de o prejudicar.
Claro que todos sabemos que isto está errado. Mas todos vemos diariamente adultos cheios de si, que se acham mais espertos do que os outros só porque os ultrapassam pela direita ou cortam caminho por portas travessas, que acham sempre que a culpa é dos outros quando as coisas correm mal, que não aceitam uma critica, que sabem sempre tudo mas na hora de ajudar fazem-se de sonsos e assobiam para o lado.
Está certo, o miúdo é só um miúdo. Não devia ter perdido, ainda, aquelas qualidades que todos os miúdos deviam ter, como a camaradagem, a amizade, o gosto pelos abraços apertados. Ainda devia aceitar as criticas como oportunidades para crescer. Não devia ter essa obsessão por "ser o melhor", deveria poder ser mais solto, mais livre. Mas questiono-me se ele não é fruto de uns pais que o ostentam como um troféu, Mais, até que ponto um miúdo criado assim não terá já desenvolvido as competências para se tornar um adulto de sucesso (mesmo que muita daquela bazófia seja claramente insegurança)? É que as características estão lá todas. E sim, eu escrevi de sucesso. Não escrevi realizado nem feliz, que são coisas muito distintas.
E já agora, não deveríamos, em adultos, evidenciar as qualidades que exigimos ao miúdo?

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