Na escola havia muitos grupos. Destacavam-se os fixes, que criavam modas, lançavam tendências, criticavam os outros e faziam bullying a quem viam como inferior ou como uma ameaça... Ter boas notas, por exemplo, era um convite a ser gozado, e os métodos podiam ser bem cruéis. Sim, porque os fixes não eram os que tiravam boas notas (que isso era arrasar com a reputação da espécie). Eram os que vestiam melhor, tinham lambretas, fumavam, saiam à noite, passavam férias em locais extraordinários e arrasavam só com um olhar reprovador. Geralmente sentavam-se ao fundo da sala, onde era mais fácil trocarem mensagens (nesse tempo eram papelinhos, que o tempo dos telemóveis vinha longe) e risinhos. Se cá fora os professores eram brindados com comentários mordazes, dentro da sala recebiam doses reforçadas de simpatia para compensar a falta de outros atributos (cognitivos, vá). E estranhamente resultava, como se os profes não percebessem a realidade, ou simplesmente não a quisessem ver. Alguns dos fixes crescem, mas outros ganham só uma capa de adulto. Lá por dentro continuam os mesmos. A fazerem metáforas de gosto duvidoso, ou melhor, de refinada ironia, a desculparem as crias porque são fixes e fazem coisas de crianças, mesmo com a maioridade à porta e a provarem que isso não tem mal nenhum, pois os fixes também constroem carreiras de grande sucesso.
As Escolas do Meu Coração- O Cerco do Porto
Depois de, com o meu último post, receber já tantas e tão carinhosas mensagens daqueles que fizeram caminho comigo naquela que também é escola do meu coração, o Cerco, dei comigo a somar recordações em catadupa. Começando pelo início, mentiria se dissesse que não tive receio. Ou que foi muito fácil e tranquilo. Estava num TEIP que por algum motivo o era. Entrar com 11 turmas foi logo um desafio. Só não tinha duas turmas de 9º, todo o 3º ciclo estava comigo. Vantagens: adquiri um vasto conhecimento dos alunos, e pude conhecer a escola antes do choque com os Cursos de Educação e Formação- que não eram desafio menor. Isso e começar a desejar um bom fim-de-semana às 10 horas de segunda-feira (ter as turmas uma vez por semana tem destas coisas). No ano seguinte, quando comecei a trabalhar também com CEFs, parte dos alunos já me conheciam de outro contexto, o que facilitou bastante. Houve turmas muito complicadas, houve momentos em que me pareceu viver numa realidade paralela. Mas apren...
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