Ela queixava-se. Ele chegava ao fim do dia, carregado de bichos que ela
tinha que preparar. Bichos cheios de chumbos. Havia que depenar o que
tinha penas, tirar a pele aos outros, dar a vizinhas ou encher a arca,
porque ele levaria a mal que deitasse fora. Ela odiava. Ele adorava.
Sentia-se o verdadeiro Homem, espingarda certeira, trazendo os troféus
para casa. Já lá vão uns anos. Mas lembro-me do ar dela, a suspirar, à
segunda, depois de uma jornada de domingo à noite, dia de
chacina. Lembro-me sempre que falam da época de caça. Sim, eu já
disparei uns tiros com uma espingarda de pressão de ar. Ficou-me a doer o
ombro, mas até acertava nas latas. Latas. Porque carga de água há
homens que se vestem como se fossem para a guerra, agarram na
espingarda, põem os cães a dieta rigorosa, e vão dar tiros para o ar?
Expliquem-me lá o fascínio pela caça. É que em vez de pombos e lebres,
podiam fazer tiro aos pratos, sempre era mais ecológico...
As Escolas do Meu Coração- O Cerco do Porto
Depois de, com o meu último post, receber já tantas e tão carinhosas mensagens daqueles que fizeram caminho comigo naquela que também é escola do meu coração, o Cerco, dei comigo a somar recordações em catadupa. Começando pelo início, mentiria se dissesse que não tive receio. Ou que foi muito fácil e tranquilo. Estava num TEIP que por algum motivo o era. Entrar com 11 turmas foi logo um desafio. Só não tinha duas turmas de 9º, todo o 3º ciclo estava comigo. Vantagens: adquiri um vasto conhecimento dos alunos, e pude conhecer a escola antes do choque com os Cursos de Educação e Formação- que não eram desafio menor. Isso e começar a desejar um bom fim-de-semana às 10 horas de segunda-feira (ter as turmas uma vez por semana tem destas coisas). No ano seguinte, quando comecei a trabalhar também com CEFs, parte dos alunos já me conheciam de outro contexto, o que facilitou bastante. Houve turmas muito complicadas, houve momentos em que me pareceu viver numa realidade paralela. Mas apren...
Comentários
Enviar um comentário
Também divagaram: