Conjugo o não gostar de ir ao médico com um certo desleixo relativamente às mazelas que me vão aparecendo, arranjando desculpas e aguentando as dores até que passem (porque "é um vírus", ou " é uma coisa", ou " isto dá-se 3 dias e passa", mesmo que por vezes tenha que acrescentar mais uns dias além desses...).
Desta vez, foi uma enfermeira que alertou: é melhor marcar consulta com o seu médico de família, ou ainda o perde. Porque realmente não andava a sentir-me bem, assim o fiz. A 22 de outubro consegui consulta para 5 de dezembro- uma quarta à tarde, para não faltar às aulas. E não poderia ter sido uma data melhor escolhida...
No dia da consulta, fui sentindo acentuar-se uma sensação de vertigem que volta e meia me acompanha e me faz andar de olho em paredes e corrimãos (espero que o plural seja este), não vá efetivar-se em queda. De tal modo que o meu regresso a casa, no fim das aulas, foi de taxi.Não estava em condições para arriscar o autocarro.
Chegada à USF, lá fui esperando pela minha vez, enquanto via a D. Fátima Lopes e ouvia as crianças que festejavam com choros e gemidos a sorte de serem vacinadas. Como as compreendo, só não tenho uma vacina atrasada dez anos porque ela passou a ser dada de 20 em 20 anos, e não de 10 em 10- e sim, tenho que tomá-la este ano, só não o fiz por causa... de um vírus, o tal que me azucrina desde setembro e que nesse dia me atacou com mais força.
Fui chamada à hora certa, por um médico simpático e afável. A sua ideia era atualizar o ficheiro, percebi eu, mas lá fui desfiando quanto pude o rol de mazelas e maleitas, qual lista de supermercado da saúde (ou da falta dela), destacando sobretudo as minhas incapacitantes vertigens. Bem, o médico atualizou os dados, saiu para tratar de um assunto, voltou ainda sem ter tratado do dito, adiantou mais um bocadinho, voltou a ter de sair, regressou com um pedido de desculpas, e ainda assim, no meio de toda essa turbulência, ele ora dentro ora fora da sala, eu a tentar não me esquecer de nada, apontou baterias à tiroide e mandou-me fazer em ecg (depois de medir a tensão 3 vezes seguidas e torcer o nariz), para além das tradicionais análises.
Saí da consulta com vitaminas (daquelas carregadas de ómegas, e que me fazem eructar a salmão às dez da manhã) e comprimidos para as vertigens (daqueles orodispersíveis que me fazem sentir que tenho um bocado de mercúrio, ou iodo, ou algo metálico a desfazer-se na boca, e depois me dão uma sede desgraçada- o que até é bom dado que sou pouco dada a beber).
E pronto, assim foi.
Como fiquei com a pulga atrás da orelha, tratei de marcar quanto antes o ECG e a ecografia à tiroide. Na quinta, lá estava eu no Hospital (isto da ADSE tem as suas vantagens), e logo após terminar a ecografia à tiroide, pergunta-me o médico : Já está medicada?
Bem, comecei a ver a minha vida a andar para trás. "Não, não estou... Porque pergunta?"
Afinal, tenho uma tiroidite, cujo grau só poderá ser provado após as análises, mas que, a ver pelo Dr Google, pode justificar uma série de sintomas que tenho (até os mais improváveis como o adormecimento dos dedos...).
Ainda passei pela enfermeira para medir as tensões. A mínima estava com a mania das grandezas e mandou-se para uns 9,8. Ainda assim, regressei a casa, com as tonturas do costume, cheia de sorte por, pelo segundo dia consecutivo, ter o braço de uma filha para me amparar (que isto das vertigens causou-me mesmo muita insegurança).
No dia seguinte, lá rumei outra vez ao hospital. Para quem anda anos a fugir dos médicos, um exagero. Três dias seguidos! Não há fome que não dê em fartura.
Fiz as análises. Pedi encarecidamente que apressassem os resultados, expliquei o motivo, mas isto de no dia seguinte ser feriado dificultou-me a vida. Terça temos os resultados, se correr bem talvez segunda eles dêem um ar da sua graça.
Precisei depois de uma consulta. Estava confusa, sem saber o que fazer, se cortar no sal, por causa das tensões, se o manter, por causa da tiroide, ainda a sentir vertigens (bem vistas as coisas, ainda só tinha tomado 3 comprimidos), uma fraqueza completa, ora cheia de calor, ora com arrepios.
A médica lá me mediu a tensão. E desta vez apareceu um 15,5- 8,8. Eu a falar, a falar, a falar. Resolveu acrescentar-me à medicação um ansiolítico, para tomar em SOS. E cortar no sal. E esperar.E marcar consulta num otorrino, para ver essa coisa dos cristais e do ouvido médio. E marcar num endocrinologista logo que tenha os resultados das análises. Ah, e fazer o MAPA, e um ecocardiograma, para perceber melhor o que se passa com as tensões.
E é isto. Hoje, pela primeira vez em dias, sinto que o barco em que me encontrava começa a estabilizar. Comprei um aparelhómetro para medir as tensões, e hoje o coração estava a portar-se melhor. A mínima ainda manienta, mas já nos 8. A ver vamos o que me reserva a semana que agora começa. Tenho muito que tratar, a ver se chego aos 50 com saúde! ;)

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