Cresci numa vila que podia parecer aldeia mas não o era. Tinha amigas
que nas férias iam para os avós da aldeia. Eu, que vivia na mesma casa
que uns avós e tinha os outros avós a menos de cinco minutos, pensava
como seria bom ir para a aldeia. Ter uma aldeia, ser de uma aldeia. Quis
o destino que a aldeia de Água Revés aparecesse na minha vida. O gosto
pela aldeia deve ter sido algo genético- o meu sogro sonhava com o
regresso à aldeia depois de uma vida feita de idas e regressos
temporários, que passou de pais para filho e para as netas. E se
calhar às vezes a genética e o coração conjugam-se, porque eu aprendi a
gostar muito da paz, da natureza em estado puro, das pessoas que nem
sequer nos conhecem bem e contudo são simpáticas e generosas, das
surpresas escondidas em cada ida ao campo, como se houvesse sempre
novidades à espera, do cheiro da aldeia, do ar que parece inchar os
pulmões, do céu cheio de estrelas, do frio que enregela, do calor de
fazer inveja a Mefistófeles. Ir à aldeia sabe a regresso. À memória dos
avós que já tendo partido ali nos parecem mais perto, mas também a um
regresso a nós os quatro ( ou cinco...), como família. Parece que ali
nos olhamos mais, conversamos mais, não há muitas televisões e por isso
vemos todos a mesma coisa, aquecidos pela lareira, com a consciência de
que estes momentos,como todos, serão temporários. Mas talvez possamos
ser, um dia, aqueles avós com quem os netos vão passar férias na
aldeia...
As Escolas do Meu Coração- O Cerco do Porto
Depois de, com o meu último post, receber já tantas e tão carinhosas mensagens daqueles que fizeram caminho comigo naquela que também é escola do meu coração, o Cerco, dei comigo a somar recordações em catadupa. Começando pelo início, mentiria se dissesse que não tive receio. Ou que foi muito fácil e tranquilo. Estava num TEIP que por algum motivo o era. Entrar com 11 turmas foi logo um desafio. Só não tinha duas turmas de 9º, todo o 3º ciclo estava comigo. Vantagens: adquiri um vasto conhecimento dos alunos, e pude conhecer a escola antes do choque com os Cursos de Educação e Formação- que não eram desafio menor. Isso e começar a desejar um bom fim-de-semana às 10 horas de segunda-feira (ter as turmas uma vez por semana tem destas coisas). No ano seguinte, quando comecei a trabalhar também com CEFs, parte dos alunos já me conheciam de outro contexto, o que facilitou bastante. Houve turmas muito complicadas, houve momentos em que me pareceu viver numa realidade paralela. Mas apren...
A aldeia transporta-nos às memórias de infância: cheiros, sabores, ruídos, tradições e saudade. Todos deveriam ter a "sua" aldeia; tenho excelentes recordações da vida que lá vivi. Tudo é próximo e distante ao mesmo tempo. Tempo que parece não querer passar e, que une as pessoas em torno de coisas simples.
ResponderEliminarSempre que, quando vou a caminho, vejo uma placa a indicar "Justes" lembro-me de ti. É a tua aldeia, não é?
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